O socialista recorre ao passado para se defender das críticas: “O Partido Comunista Português combateu o PS sem desfalecimento, de 1974 até à semana passada”. O ex-líder da JS lembra que os comunistas nunca votaram a favor de um Orçamento do Estado do PS. “O PCP não perdoa ao PS ter liderado o campo político não comunista em 74/75 e ter derrotado o seu assalto ao poder”, recorda.
Sousa Pinto acusa o PCP de ter feito uma oposição ao Governo de Passos Coelho e Paulo Portas “pouco mais que gemente” enquanto “a fúria contra o PS prosseguia ruidosa”. “Porque o PCP não precisa que o PS seja governo para liderar a oposição ao PS”, refere.
Mas “a chama do sectarismo comunista, uma espécie de tocha olímpica, subitamente apagou-se”, após as eleições, aponta o socialista. E explica: “Porque saiu das eleições uma ameaça que punha em causa a aconchegada inutilidade do PCP: o Bloco ultrapassou-o em votos e mandatos”. Mais: “Habituado a uma existência cómoda consumida a vergastar o seu adversário oficial – o PS, o PCP tinha agora que improvisar para sobreviver”.
Segundo o deputado, a porta-voz do BE, “em modo De Gaulle”, anunciou a vontade de viabilizar um Governo de esquerda com o PS e portanto o PCP não podia ficar “amesquinhado pelos resultados”. “Num dos mais inesperados golpes de rins da sua história, o PCP ultrapassou o bloco no desejo irreprimível de viabilizar um governo PS, orçamento e tudo”, argumenta.
Apesar desta vontade demonstrada por BE e PCP, Sousa Pinto duvida das intenções da extrema-esquerda: “A direita, desorientada como uma galinha decapitada, lembra-nos que os comunistas comem criancinhas. Não comem. Nem querem ir para o governo. Como também não o quer o Bloco. Não lhes interessa partilhar o fardo de governar. Querem um governo fraco do PS, para derrubarem quando for oportuno”.
O socialista questiona o momento em que isso acontecerá – quando o BE descer e o PCP subir nas intenções de voto ou quando o BE subir e ultrapassar o PS nas sondagens – mas vaticina uma maioria absoluta para a direita. “Que guardará por muitos anos. Enquanto o país se lembrar dos dias que estamos a viver”, remata.