“António Costa tratou de se furtar mais uma vez ao debate”, acusou Nuno Magalhães, reforçando: “Entrou calado”.
E prosseguiu, com ironia, para deixar no ar a pergunta: “Estará a guardar-se para amanhã, para o último dia, para o momento do encerramento, quando já não há perguntas, já não há pedidos de esclarecimento, e não pode ser confrontado?”
António Costa só deverá falar amanhã. E o deputado Pedro Nuno Santos foi o escolhido para fazer a primeira interpelação ao primeiro-ministro em nome do PS
Nuno Magalhães lançou ainda farpas a Catarina Martins, coordenadora do BE, a quem se referiu como “uma das líderes da troika do governo anunciado, quiçá a líder”, e quis saber se vai esclarecer nestes dois dias sobre onde vai estar: “No Governo ou na oposição?”
O líder parlamentar centrista alertou ainda para o facto de “com a troika de esquerda não sabemos o que vai acontecer” em termos de desemprego, investimento, exportações ou outros indicadores económicos.
Na resposta, e pegando nesta deixa, Passos Coelho alertou para as possíveis consequências da queda do seu Governo ao afirmar que “o país já está a pagar um preço por este debate” e “pela incerteza que rodeia o final deste debate”, referindo-se à formação de um possível governo de esquerda com PS, BE e PCP.
O primeiro-ministro afirmou mesmo que “já existe uma retracção por parte dos credores que vai penalizar o crescimento da economia”.
Jerónimo lembra que eleições foram para escolher os 230 deputados
O secretário-geral do PCP começou por sublinhar que as eleições de 4 de outubro, que “expressaram a derrota do Governo e das suas políticas”, retirando a maioria absoluta ao PSD e ao CDS, serviram "não para escolher o primeiro-ministro" mas para “eleger os 230 deputados desta Assembleia da República”.
E desfiou um rol de acusações ao Governo de Passos Coelho e Paulo Portas recordando os “níveis dramáticos” de desemprego, pobreza, precariedade, emigração e desigualdade.
Na resposta, o primeiro-ministro recordou os tempos em que Jerónimo de Sousa se referia ao PS afirmando “são todos farinha do mesmo saco”, comparando os socialistas aos sociais-democratas e centristas. “Há aqui uma contradição”, ironizou, assumindo uma “imensa curiosidade” para perceber se “as políticas vão finalmente tirar o PS do mesmo saco de farinha”, numa alusão ao acordo político à esquerda que ainda está por conhecer.