"O único motivo de intranquilidade que hoje detetamos nós não é a perspetiva de um Governo do PS é a demora na entrada em funcionamento de um Governo do PS", afirmou Carlos César aos jornalistas à saída da reunião do grupo parlamentar socialista.
O líder da bancada do PS afirmou ainda que "não há razões para que qualquer organização empresarial ou para que qualquer cidadão ache que um Governo do PS não coloca nas suas prioridades de diálogo social em Portugal a concertação social".
César falava depois de hoje de manhã presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) ter dito, à saída de uma audiência com o Presidente da República, que os acordos entre PS, BE, PCP e PEV parecem querer "esvaziar a concertação social" e ameaçar "alguma da estabilidade" legislativa, fiscal e laboral.
O líder da bancada socialista referiu-se também ao apoio de BE, PCP e PEV às propostas do PS para reposição dos salários na Função Pública e da sobretaxa do IRS, afirmando que "não há nenhuma razão" para pensar que "essas iniciativas não terão o seu vencimento", afirmando que foi destacado um dos vice-presidentes da bancada para a o diálogo e coordenação com esses partidos.
César não quis revelar a qual dos vice-presidentes da bancada se referia, nomeadamente se é Pedro Nuno Santos.
Questionado sobre a eventual indigitação do secretário-geral do PS como primeiro-ministro, por parte do Presidente da República, César respondeu: "A sucessão normal no plano institucional daquilo que tem acontecido é a indicação do doutor António Costa como primeiro-ministro".
"Não há nenhuma razão, não temos nenhum indício, de que a normalidade não continue a pautar a evolução política do nosso país. De resto, as próprias entidades externas também esperam isso", declarou, afirmando depois que a única intranquilidade é motivada pela demora na entrada em funções do executivo socialista.
César começou por deixar uma mensagem de tranquilidade: "Este novo percurso que vamos fazer é um percurso que deve estimular todo o nosso país, que deve transmitir tranquilidade para todos os que operam no nosso país, desde os empresários aos trabalhadores, desde os profissionais de comunicação aos analistas, às entidades externas que nos avaliam", declarou.
"O PS tem grandes responsabilidades para que esse sentido de normalidade, de tranquilidade, seja transmitido porque corresponde a uma posição tradicional e histórica do PS na vida política e económica portuguesa", afirmou.
Especificamente sobre a concertação social, o líder da bancada socialista quis sublinhar que "o primeiro acordo que se verificou sobre o salário mínimo nacional, e até de médio prazo, foi justamente impulsionado pelo PS e no âmbito da concertação social".
"Para a concertação social no seu sentido mais amplo são importantes outros instrumentos, desde a contratação coletiva até todas as medidas que os empresários devem estar empenhados, no sentido da melhoria dos rendimentos daqueles que hoje em Portugal vivem abaixo do limiar da pobreza e, por isso mesmo, penalizam muito atividades económicas pela falta de capacidade de consumo que têm junto de produtos comercializados por pequenas e médias empresas por esse país fora", disse.
Lusa/SOL