As afirmações de Cavaco Silva são um sinal inequívoco de que não tem pressa em anunciar ao país a sua decisão e em indigitar António Costa como o novo primeiro-ministro.
E têm também Pedro Passos Coelho como alvo, já que o ainda primeiro-ministro fez saber mesmo antes de ver o programa do seu governo ser chumbado pela maioria parlamentar de esquerda, na passada terça-feira, que não pretendia manter o seu Executivo em gestão.
E ao que o SOL apurou o líder do PSD, que na semana passada se reuniu com o Presidente em Belém logo no dia imediatamente a seguir à queda do seu Governo, foi mais longe e deixou bem claro junto do chefe de Estado que não quer mesmo ficar em funções mais do que o tempo estritamente necessário.
O Presidente deixou aos jornalistas um “conselho" para que vão ver a história e para que vejam quanto tempo levaram e como agiram os chefes de Estado em outras duas circunstâncias similares, nomeadamente em 2011 (com José Sócrates) e em 1987, quando o próprio esteve num governo de gestão. A repetir-se a história, Cavaco já não daria posse a Costa ficando a decisão para o inquilino que lhe venha a suceder no Palácio de Belém. Já que as eleições presidenciais se realizam em janeiro.
Cavaco deixou ainda a garantia de que manterá os portugueses informados “ a cada passo" e sugeriu que vão seguindo "a página da Presidência da República".
Para já, o Presidente – que se encontra até amanhã na Madeira – sublinhou que está ainda numa fase de "recolher o máximo de informação, junto daqueles que conhecem a realidade social, económica e financeira portuguesa para darem indicações ao poder político português, qualquer um que ele seja, quanto às linhas que permitam manter uma trajetória de crescimento económico, de criação de emprego e de acesso das empresas, do Estado e dos bancos ao sistema de financiamento".
Na quarta e na quinta-feira, Cavaco Silva deverá chamar a Belém os representantes dos partidos com assento parlamentar.