Cavaco pede seis garantias a Costa

Cavaco Silva encarregou António Costa “de desenvolver esforços tendo em vista apresentar uma solução governativa estável, duradoura e credível” mas pediu mais condições para empossar o líder do PS como primeiro-ministro, na audiência desta manhã em Belém.

Há seis dúvidas do Presidente, em matérias essenciais, relacionadas com a estabilidade política da coligação de esquerda, com o cumprimento das regras orçamentais de Bruxelas, a participação de Portugal na NATO, a estabilidade do sistema financeiro e o funcionamento da concertação social. Estas dúvidas estão expressas num documento entregue a António Costa, cujo teor foi divulgado pela Presidência da República, após a audiência.

No documento, o Presidente da República pede “a clarificação formal de questões que, estando omissas nos documentos, distintos e assimétricos, subscritos entre o Partido Socialista, o Bloco de Esquerda, o Partido Comunista Português e o Partido Ecologista “Os Verdes”, suscitam dúvidas quanto à estabilidade e à durabilidade de um governo minoritário do Partido Socialista, no horizonte temporal da legislatura”.

As seis questões concretas que o Presidente quer ver esclarecidas são:

a) aprovação de moções de confiança;

b) aprovação dos Orçamentos do Estado, em particular o Orçamento para 2016;

c) cumprimento das regras de disciplina orçamental aplicadas a todos os países da Zona Euro e subscritas pelo Estado Português, nomeadamente as que resultam do Pacto de Estabilidade e Crescimento, do Tratado Orçamental, do Mecanismo Europeu de Estabilidade e da participação de Portugal na União Económica e Monetária e na União Bancária;

d) respeito pelos compromissos internacionais de Portugal no âmbito das organizações de defesa colectiva;

e) papel do Conselho Permanente de Concertação Social, dada a relevância do seu contributo para a coesão social e o desenvolvimento do País;

f) estabilidade do sistema financeiro, dado o seu papel fulcral no financiamento da economia portuguesa.

Cavaco termina o documento vincando que “o esclarecimento destas questões é tanto mais decisivo quanto a continuidade de um governo exclusivamente integrado pelo Partido Socialista dependerá do apoio parlamentar das forças partidárias” com as quais subscreveu os acordos. Além de que “os desafios da sustentabilidade da recuperação económica, da criação de emprego e da garantia de financiamento do Estado e da economia se manterão ao longo de toda a XIII legislatura”.

manuel.a.magalhaes@sol.pt