Ex-secretária de Estado dos Transportes no primeiro Governo de José Sócrates, estava até agora como deputada do PS e na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas da Assembleia da República. E é alguém que nunca passou despercebida.
No Executivo de Sócrates, a engenheira civil com mestrado em Transportes esteve no centro de duas polémicas: o caso do terminal de contentores de Alcântara e o Face Oculta.
No pimeiro caso, foi alvo de duras críticas por ter renovado até 2042 o contrato de concessão do terminal de contentores de Alcântara à Liscont, uma empresa do grupo Mota Engil, onde estava então o socialista Jorge Coelho.
Vitorino invocou “necessidade e urgência” para dar o contrato à Liscont sem realizar um concurso público internacional, explicando que o terminal estava a aproximar-se do “limite da capacidade” e que era preciso agir rapidamente para evitar que “definhasse”. O Tribunal de Contas considerou, contudo, que não foram acautelados os interesses do Estado por falta de concurso público para celebrar o contrato que permitiu alargar o prazo da concessão por mais 27 anos à empresa da Mota-Engil.
Outro caso polémico em que o seu nome surgiu foi o do processo Face Oculta: Ana Paula Vitorino foi uma peça-chave na acusação contra Armando Vara e o empresário de sucatas Manuel Godinho.
Num depoimento por escrito, Ana Paula Vitorino admitiu ao Tribunal ter sido pressionada pelo ministro das Obras Públicas, Mário Lino, para afastar o presidente da REFER, Luís Pardal, por este se ter oposto a que esta empresa pública continuasse a celebrar contratos com o sucateiro.
Como testemunha, Ana Paula Vitorino revelou que Mário Lino se referiu a Godinho como um “amigo do PS”.
Apesar do grau de notoriedade de que goza graças a estes casos e à atividade parlamentar de oposição forte ao Governo de Pedro Passos Coelho, Ana Paula Vitorino não resiste à exposição no Facebook.
Muito ativa nesta rede social, gosta de partilhar selfies e comentários políticos fortes – sobretudo de apoio a António Costa – e tudo o que esteja relacionado com o seu marido, Eduardo Cabrita.
Muito próximos, Vitorino e Cabrita estão habituados a ser um casal no Parlamento, que não se inibe de fazer demonstrações públicas de afeto. Agora, serão um caso inédito em Portugal: um ministro e uma ministra que são marido e mulher. Cabrita será ministro-adjunto de Costa.