O Bloco que Esquerda acabou mesmo por votar contra o orçamento retificativo, juntando-se ao PCP e PEV, que haviam anunciado previamente o ‘chumbo’ ao documento que salva o Banif. Mas os bloquistas negam que António Costa vá ter dificuldades até agora não previstas para fazer aprovar o Orçamento para 2016.
“Desde que o PS respeite os termos do acordo com o BE não há dúvidas sobre a aprovação do Orçamento”, diz o bloquista Paulino Ascenção ao i. Quanto ao significado político do chumbo no retificativo, este deputado da Comissão de Orçamento e Finanças diz que “não tem nada de metafísico”.
O Bloco apresentou duas condições ao PS para garantir que “o resgate do Banif fosse o último resgate a um banco em Portugal”, sublinha Ascensão. O sentido de voto dos bloquistas esteve em suspenso até ao momento da votação, mas não foi para poder ‘salvar’ o Governo, caso o PSD resolvesse não viabilizar o retificativo. A partir do momento em que o PCP anunciou que ia votar contra, “o BE tornou-se aritmeticamente irrelevante”, esclarece, e “o que ficou em aberto foi apenas a resposta do PS”.
Essa resposta revelou-se insatisfatória para o Bloco. De resto, tinha começado a perceber-se já anteontem, na audição do ministro das finanças, que uma das condições do BE – o Novo Banco continuar em mãos públicas – não seria atendida.
No debate de ontem, confirmou-se que o governo estava somente disposto a rever as regras de intervenção bancária, retirando essa competência da discricionariedade do Banco de Portugal.
Se o voto do BE tem por base a condição da recusa em vender o Novo Banco, já o PCP pretendia manter na esfera pública o Banif. “O voto contra do PCP é um voto contra a política que salva bancos enquanto sacrifica pessoas”, afirmou Miguel Tiago no debate parlamentar.
O líder da bancada comunista, João Oliveira, já havia explicado que não aceitava usar o “dinheiro dos contribuintes para dar cobertura à falência de um banco”. E que “a solução era integrar o Banif na esfera pública”.