No PSD, Passos Coelho, que esta semana manifestou a ambição de voltar a ser primeiro-ministro, disse não estar «ansioso por ir a eleições». Mas, para esta direção do PSD, a «velocidade muito grande» a que está a ser executado o programa dos acordos coloca uma pergunta: «O que virá depois?».
A dúvida, para alguns, poderá ser já colocada no próximo orçamento (de 2017). Com pouco para receber do PS, os partidos à sua esquerda tenderão a tirar o tapete a medidas de consolidação orçamental. E Passos estará pronto para ir então a eleições, sonham os seus apoiantes.
O Deve e Haver de Costa
A lista de ‘conseguimentos’ à esquerda já vai longa. Eliminação da sobretaxa de IRS (está em curso), descongelamento e reposição de pensões, devolução de salários na Função Pública, aumento do salário mínimo, reposição de feriados, redução do IVA da restauração (conseguida parcialmente) ou a garantia de não penhora da casa de morada de família fazem parte do programa realizado.
Em matéria de liberdades e costumes, há ainda a somar a revogação da lei do aborto (fim das taxas moderadoras e do aconselhamento obrigatório) e a aprovação das adoções por casais gay (que não está nos acordos). Tudo em menos de três meses de governo.
E há outras matérias que estão encaminhadas, como a reversão do processo de privatização dos transportes públicos de Lisboa e Porto ou o fim da venda a privados da TAP, dossiês de importância sindical estratégica para o PCP. Também as 35 horas na Função Pública têm regresso anunciado.
Para a discussão na especialidade, comunistas e bloquistas vão levar medidas que estão nos acordos, como a gratuitidade dos manuais escolares. Terá o score da esquerda ainda margem para aumentar?