"Todos estamos muito esperançados nos bons e rápidos resultados do Conselho Europeu ", confessava o líder parlamentar, Carlos César, que evitou dar resposta à esquerda, preferindo concentrar o ataque no PSD, que hoje terminou umas jornadas parlamentares marcadas por ataques fortíssimos de Passos Coelho e Luís Montenegro a António Costa e ao PS.
César garante que "se a situação do país não é fácil" isso deve-se também "aos resultados da governação anterior ". Para o presidente do PS, a falência de pequenas e médias empresas, o saldo migratório negativo, o aumento da dívida pública e a factura passada aos contribuintes pelas "incúrias do sector bancário " são parte da "herança" que Passos deixou ao país.
Carlos César admite que o Orçamento que o Governo entregou ao Parlamento "é menos audacioso " do que o PS desejaria, mas "é bem melhor do que o Orçamento prometido pelo anterior governo " a Bruxelas. "Vale a pena fazer valer as nossas posições junto da União Europeia ", frisa o socialista, que diz ser necessário contrariar o "reforço de influência de correntes políticas adversas à diversidade metodológica".
"Os portugueses que desejam que tudo corra mal"
O líder da bancada socialista não hesita em pôr os sociais-democratas entre uma "estranha qualidade de portugueses que tanto desejam que tudo corra mal".
Minutos antes, o eurodeputado Carlos Zorrinho tinha também denunciado à forma como "muitos portugueses têm andado a tentar reverter o que foi acordado mesmo contra os interesses de portugueses e portuguesas".
Zorrinho lembrou que a eleição do actual presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, foi feita por socialistas e sociais-democratas, mas não de forma incondicional. Em troca, foram exigidas duas "condições essenciais". Uma delas "o fim da diabolização do investimento como motor essencial para o crescimento, o emprego, o desenvolvimento sustentável e a afirmação da Europa no mundo "; a outra uma "interpretação flexível e inteligente dos tratados orçamentais".
Para já, acredita Carlos Zorrinho, Juncker está a cumprir o que foi acordado, mas as pressões são grandes e vêm de quem quer fazer de Portugal "um cordão sanitário " que impeça políticas diferentes em países como Espanha, Itália ou França.
O eurodeputado socialista acha mesmo que está em causa o direito "à livre escolha" contra uma política que não permite alternativas. "Se sucumbíssemos à ideia de que, estando na zona euro, só existe uma receita, que sentido faria para os nossos eleitores? Que propostas alternativas poderíamos apresentar?".
A mesma tese defendeu Pedro Silva Pereira que acusou a direita de "agir na sombra " na Europa "disposta a empurrar Portugal para um confronto" com a Europa, denunciando a "chuva de telefonemas " que tem assolado a agência de notação financeira DBRS, a única a manter o rating português acima do lixo.
Silva Pereira diz que a pressão sobre a agência canadiana tem sido tanta no sentido de saber quando vai baixar a avaliação feita a Portugal que a empresa resolveu fazer comunicados e uma tele-conferência de imprensa para explicar que o rating "está estável".