Marcelo fala de “consensos” e afasta a ideia de crise

O programa de Marcelo em Belém é claro: “cicatrizar feridas”, como anunciou logo no seu discurso de tomada de posse. No seu seu primeiro 25 de Abril como Presidente da República e depois do discurso exaltado de Paula Teixeira da Cruz que denunciou a “intolerância” da atual solução de Governo e dos apartes gerados nas…

"Para uns, a governação atual é promissora. Para outros um logro. Para todos, contudo, uma certeza existe neste tempo: mais instabilidade, mais insegurança, não abre caminhos, fecha horizontes", aponta o Presidente, que acredita que hoje a sombra da iminente crise política está já mais distante e o país vive agora "uma distensão, impensável há escassos meses".

"Unamo-nos no essencial. Sem com isso minimamente negarmos a riqueza do confronto democrático, em que Governos aplicam as suas ideias e oposições robustecem as suas alternativas. Troquemos as emoções pelo bom senso", pede Marcelo, que acha que "Portugal não pode nem deve continuar a viver sistematicamente em campanha eleitoral".

Depois de a solução de governação encontrada por António Costa ter feito muitos acreditarem que se assistiu ao fim do conceito do arco da governação, Marcelo falou em dois modelos de governação e distinguiu entre os que "devem governar" e os que "devem contestar" e a ambos pediu capacidade de entendimentos e contenção da crispação.

"Naqueles que devem governar, com voluntarismo mas com especial atenção a que o possível seja suficiente e, mais do que isso, seja bom para Portugal. Naqueles que devem contestar, com firmeza mas com a noção de que o tempo não muda convicções mas pode alterar ou condicionar soluções", disse.

Marcelo acredita que há "dois distintos modelos de governação " no país, protagonizados por PS e PSD, mas que há, apesar disso, um "amplo acordo de objetivos nacionais", onde se incluem a "vocação universal", a "pertença europeia" e a defesa do Estado Social de Direito.

É por isso que o Presidente defende que "o estimulante pluralismo político não impede consensos setoriais de regime" e dá até o exemplo da Saúde como uma área onde "o que aproxima é, cada vez mais, mais do que aquilo que afasta".

"A saudável contraposição de duas fórmulas de Governo não atinge o fundamental na unidade dos portugueses ", frisa o Presidente, que conseguiu desta vez o aplauso generalizado das bancadas, com PSD, PS e CDS a aplaudir de pé e a esquerda, mais contida.

Se na tomada de posse foi polémica a ausência de aplausos à esquerda ao discurso do Presidente, desta vez Marcelo conseguiu o pleno.