Jerónimo de Sousa leva 12 anos no cargo de secretário-geral do PCP e já disse, várias vezes e de diversas formas, que quer continuar à frente dos destinos do PCP. Na resolução do Comité Central que marcou a data do congresso – que vai acontecer nos dias 2, 3 e 4 de dezembro deste ano – a referência ao futuro da direção é o mais leve possível. Fala-se em discutir “as estruturas de direção aos diversos níveis, o seu reforço” e “o estilo de trabalho”.
As palavras-chave não estão lá
Também se refere a “necessidade de mais membros do partido assumirem responsabilidades permanentes aos mais vários níveis”. Esta expressão vai no mesmo sentido do que disse Jerónimo de Sousa numa entrevista recente – que “pode haver alteração de responsabilidades” na direção, ao mesmo tempo que confirmava a sua intenção de se manter como secretário-geral. A hipótese de nomeação de um secretário-geral adjunto, tal como aconteceu quando Carvalhas ocupou o mesmo cargo ainda com Cunhal como líder, ficou no ar.
Na semana passada, Jerónimo explicou aos quadros do PCP o que entende por “reforço do partido” e em nenhum momento referiu que esse reforço passa por uma alteração na direção.
Em 2004, quando já se preparava a substituição de Carlos Carvalhas por Jerónimo, o projeto de resolução do Comité Central era claro ao afirmar que o Congresso deveria cumprir “o rejuvenescimento e a renovação” do PCP. Desta vez, as palavras renovação e rejuvenescimento foram banidas dos papéis oficiais.
Em entrevista ao i, em setembro, Jerónimo foi muito claro sobre a vontade em continuar na liderança: “Estou aqui para as curvas”. À Rádio Renascença, confirmou que recebia “incentivos para continuar”.
Apesar de existir dentro do partido um movimento que gostaria de afastar Jerónimo, isso não deverá acontecer.