Governo insiste com Passos: De que interesses falava?

Em menos de 24 horas o governo faz duas conferências de imprensa para exigir a Passos Coelho que clarifique a que “interesses” se referia quando acusou Tiago Brandão Rodrigues de “defender outros interesses” que não os da “comunidade”, no sábado, durante as comemorações dos 42 anos do PSD.

Depois de Pedro Nuno Santos, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, ter pedido ontem ao líder do PSD para que diga a que interesses se referia, classificando tais afirmações de impróprias para o líder do maior partido da oposição, hoje foi a vez de Maria Manuel Leitão Marques vir insistir no desafio.

A ministra da Presidência classificou de "inaceitáveis" as declarações do ex-primeiro-ministro e frisou que o "único interesse" que move o governo é "o interesse público".

"Pedro Passos Coelho deve esclarecer o que são os interesses a que se referia para acusar o ministro da Educação", insistiu a ministra esta tarde.

Do lado do PSD ainda não houve uma reação oficial. Mas segundo a SIC Notícias, citando  fonte da direção, não há margem para dúvidas quanto ao que se referia o líder do PSD. "Os interesses que o ministro da Educação representa são claros para todos. São os interesses da Fenprof e de Mário Nogueira".

Em causa está o despacho de Tiago Brandão Rodrigues que antecipa cortes ao financiamento de novas turmas de escolas e colégios do sistema de ensino particular e cooperativo quando na mesma localidade existir uma escola da rede pública de ensino com capacidade de resposta.

Segundo avançou também esta tarde Maria Manuel Leitão Marques, o ministro da Educação dará "outras informações até ao final desta semana". Até porque a decisão do governo, expressa num despacho assinado por Tiago Brandão Rodrigues, ainda não esta fechada em virtude de estar a ser feito um estudo no terreno junto das várias escolas para avaliar "cada situação".

"É com base nos resultados obtidos que será tomada uma decisão de financiamento público em novas turmas (no ensino privado) e face às carências da rede pública", disse.

A ministra garantiu ainda que os alunos do ensino particular e cooperativo integrados em turmas financiadas pelo Estado e que estão a meio de um ciclo não serão afectados por esta decisão, que só entrará em vigor no arranque do próximo ano lectivo e nos termos que o governo acabar por decidir.

"Os alunos que hoje frequentam turmas de contrato de associação continuarão até ao final do ciclo. Nenhum aluno será excluído", garantiu a ministra da Presidência.