O diploma comunista acaba por ter a explicação do voto contra do partido na votação de ontem. "As últimas semanas têm sido de algum alarme em torno do glifosato, em parte motivado pela aproximação de decisões em Bruxelas sobre a renovação da autorização para a sua utilização. O Parlamento Europeu já se pronunciou no sentido de renovação da licença, tendo o PCP votado contra essa decisão por entender que ela não deveria ser tomada sem o estudo mais aprofundado das suas implicações a partir da informação científica e técnica existente", lê-se na proposta entregue ontem.
Os comunistas lembram que muitos dos estudos sobre a matéria são contraditórios entre si e que sobre os efeitos do glifosato têm de ter em conta a dosagem usada.
"As posições de diferentes entidades são aparentemente contraditórias. Sendo os fitofármacos ou pesticidas, produtos químicos utilizados no apoio à actividade humana, podem ter efeitos muito variados nas diferentes formas de vida. Em muitos casos, esses efeitos têm uma relação estreita com as formas de utilização e as dosagens usadas. Noutros casos, os impactos ultrapassam estes aspectos. No caso do glifosato, a Organização Mundial de Saúde considera que é “provavelmente cancerígena para o ser humano”. A Agência Europeia para a Segurança Alimentar tem vindo a defender que o alegado potencial carcinogénico não está ligado ao glifosato, mas a um coformulante – a taloamina. Se numa pequena amostragem feita pela Plataforma Transgénicos Fora se concluiu que todas as amostras de urina humana utilizadas estavam contaminadas com glifosato, ontem mesmo era noticiado que especialistas da ONU afirmavam ser pouco provável que o glifosato cause cancro", aponta o PCP.
Sem dados conclusivos e tendo em conta a necessidade de utilização de herbicidas, os comunistas consideram que mais do que proibir o uso do glifosato será importante monitorizar o seu uso. Daí a proposta que será votada amanhã.
Por isso, a solução do PCP passa por propor a "constituição uma comissão multidisciplinar permanente, dotada de capacidade técnica e científica e envolvendo entidades públicas com responsabilidades nas áreas da saúde, ambiente, agricultura, trabalho e economia".
"A seriedade do problema e a natureza da relação do ser humano com os ecossistemas onde se insere, obrigam a grande racionalidade, sensatez e serenidade na abordagem a matérias com este nível de complexidade", conclui o PCP.