Centeno responsabiliza anterior Governo por buraco de mais de três mil milhões na CGD

“Há um desvio enormíssimo no plano de negócios que o governo anterior geriu com a CGD, que atinge verbas superiores a 3.000 milhões de euros, e que tão deligentemente o governo anterior acompanhou”

O ministro das Finanças revelou esta quarta-feira no Parlamento que encontrou um buraco de três mil milhões de euros na Caixa Geral de Depósitos (CGD).

“Há um desvio enormíssimo no plano de negócios que o governo anterior geriu com a CGD, que atinge verbas superiores a 3.000 milhões de euros, e que tão deligentemente o governo anterior acompanhou”, afirmou Mário Centeno na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças.

“As cambalhotas ideológicas que os senhores deputados têm tido sobre a CGD não são com certeza características de estabilidade face ao banco que agora tanto prezam. As cambalhotas e as tentativas de não fazer nada não são a maneira de atuar sobre a CGD”, criticou o ministro, em resposta ao deputado do PSD, António Leitão Amaro, que criticou o arrastar da situação na Caixa.

Mário Centeno defendeu ainda que “a CGD necessita de um novo conselho de administração, que está em preparação para tomar posse, necessita de num novo modelo de governação, que também esta a ser preparado, e necessita de um novo plano de negócios”.

“A CGD necessita de tranquilidade” pois “é um ativo importantíssimo para o sistema bancário português”, “uma referência para o país”, e “um pilar da economia portuguesa e do desenvolvimento económico nacional, salientou.

Na sua intervenção, o deputado do PSD criticou ainda o governo por aumentar o salário dos trabalhadores da CGD ao mesmo tempo que admite que a reestruturação do banco irá implicar a saída de 2.500 trabalhadores.

“No dia em que for publicado o decreto de lei [que permite esse aumento], o PSD apresentará um projeto de apreciação parlamentar para fazer cessar a vigência desse diploma que é inaceitável”, revelou António Leitão Amaro.

Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, também defendeu urgência na clarificação da situação do banco: "Quanto mais tempo passa até conhecer os montantes da recapitalização e o que justifica a recapitalização, mais espaço estamos a dar ao PSD" para atacar. "Toda a transparência é o que protege a Caixa", acrescentou, defendendo que "é precisa uma auditora e uma investigação ao passado da caixa".