Figura da Semana: Florêncio de Almeida, um taxista que gosta de pensar em grandes corridas

Lidera a maior associação de taxistas e a sua figura não gera consensos. Há quem o acuse de ter interesses obscuros, mas Florêncio é imune a tais críticas. Começou a trabalhar aos 13 anos, já vai nos 73 e não dá mostras de querer parar.

O verdadeiro artista português e não tem qualquer pejo em dizer uma coisa e o seu contrário passado cinco minutos. Nas últimas semanas saltou, de novo, para as primeiras páginas dos jornais por liderar o protestos dos taxistas contra a Uber e a Cabify.

Reza a história, num belo trabalho de Sílvia Caneco numa revista “Visão” de 2015, que fugiu da sua aldeia natal quando tinha 13 anos, depois de não superar a morte do pai. Em Lisboa andou por tabernas e mercearias até se iniciar nas lides dos táxis. Desde então construiu um pequeno império em tudo o que diz respeito a táxis e afins, além dos serviços de apoio, que vão da manutenção aos seguros e apoio médico. No meio são muitos os que desconfiam da transparência dos seus negócios, mas Florêncio de Almeida tem ganho os processos que lhe são postos. Em alguns deles os denunciantes acabam por ser condenados por difamação.

A história é mais ou menos simples: Florêncio é acusado de ter mais táxis do que são permitidos por lei, além de que terá interesses conflituantes com os de presidente da Antral. As acusações são muito mais vastas, mas a verdade é que o líder dos taxistas continua com a ficha limpa. Logo, gosta de gritar que tudo não passam de calúnias. Aos 73 anos ainda tem a destreza de subir ao palanque improvisado de uma pick-up na Rotunda do Relógio para começar por dizer que estava do lado das reivindicações e que aceitaria ficar a noite toda sem arredar pé. Que é como quem diz, enfrentar a polícia se esta tentasse desmontar o bloqueio imposto pelas três centenas de táxis. Mas, mais uma vez, acabou também por dizer que era sensível ao trabalho dos polícias que só cumprem ordens e que, como tal, também achava que deviam tirar os táxis da Rotunda do Relógio e voltar a casa. Com os apupos do gangue do aeroporto, eram esses os principais taxistas lisboetas presentes na manifestação e não deveriam ultrapassar a centena, Florêncio lá explicou que a polícia iria começar a limpar a zona.

Da parte da manhã da manifestação de segunda-feira alguns taxistas só não lincharam um condutor da Uber porque a polícia apareceu. À noite, Florêncio foi estrela televisiva no programa Prós e Contra e voltou ao local dos protestos para acalmar as hostes. A troco de quê ou até quando se verá. Afinal, acha piada aos tuk-tuk e a tudo o que seja animação turística… Nem que seja a uma manifestação.