Passos Coelho admite querer voltar a ser primeiro-ministro, mas garante que não quer ir “para o Governo gerir resgates”.
“Ninguém pode acreditar com sinceridade que eu, que lutei tanto para que o país saísse do atoleiro em que estava, esteja agora interessado em que o país fique no atoleiro, para que eu seja necessário”, afirmou o líder do PSD, numa entrevista à Rádio Renascença, no dia em que se celebra um ano da assinatura dos acordos do PS com o PCP, o BE e o PEV.
O social-democrata diz que, quando ganhou as últimas legislativas, já estava a ser o primeiro-ministro da “recuperação económica do país”. “Foi por isso, presumo eu, que as pessoas me deram a vitória eleitoral. Não foi por as coisas estarem a correr mal, foi por as coisas estarem a correr bem”, acrescenta.
A vontade de ser primeiro-ministro, garante, não se prende “por uma questão de currículo”, mas por achar “que o país precisa de ter uma abordagem económica e social” como aquela que propõem.
Passos Coelho afirma ainda que o PSD sempre esteve aberto a acordos com o PS. Nunca houve, contudo, abertura por parte dos socialistas. “O Partido Socialista, na prática, chama-nos à praça para apresentar propostas, mas, de cada vez que apresentamos uma proposta qualquer, bate e diz que ela é insustentável”.
O presidente do PSD não quis adiantar as propostas alternativas dos sociais-democratas ao Orçamento do Estado, mas sublinhou que estão relacionadas “com os fatores de crescimento da economia portuguesa”. Voltou a ressalvar a necessidade de uma reforma na Segurança Social, destacandotambém a importância de “levar mais longe aquilo que estávamos a fazer em matéria de reforma do IRC” e de “ajudar as empresas a melhorar o seu perfil de risco e de capital”.
Mas há algo que diz não poder solucionar: “a desconfiança que os mercados possam ter da solução política que suporta este Governo”. “Isso é o pecado original da atual situação e teremos de viver com isso enquanto vivermos com este Governo”.