Rio marca terreno: “Perante essas situações, dou o passo à frente”

Esteve muito tempo em silêncio, desdobrando-se em contactos de bastidores nos últimos meses para tomar o pulso ao PSD. Mas hoje dá duas entrevistas, uma ao DN e outra à RTP2, para marcar terreno. Rui Rio já não hesita em afirmar-se como alternativa a Pedro Passos Coelho.

"Admito ser candidato quando houver eleições internas", reconheceu esta quinta-feira à noite na RTP2, lembrando que isso pode acontecer no Congresso de 2018, mas também antes. Pelo meio, há as eleições autárquicas e Rio antevê um momento difícil para o partido.

O ex-autarca do Porto acredita que será difícil fazer campanha contra Fernando Medina em Lisboa, por estar no cargo apenas há dois anos. E acredita que só com Pedro Santana Lopes haverá pelo menos hipóteses de ganhar a capital.

No Porto, Rio critica a forma como vereadores do PSD "se venderam" a Rui Moreira, afirmando que a falta de oposição torna quase impossível ganhar a Invicta.

Um cenário autárquico negro que pode ajudar a desgastar Passos Coelho e fazer Rio avançar.

Rio diz que não é hesitante 

Rui Rio irrita-se com as fontes próximas que nos jornais vão revelando as suas hesitações sobre uma possível candidatura à liderança do seu partido. E assegura que não é um candidato intermitente.

"O que eu acho é sempre a mesma coisa", repetiu na entrevista à RTP2, recordando que das duas vezes em que esteve para disputar a liderança acabou por não o fazer por ter um compromisso com o mandato no Porto.

"A gente enobrece a política honrando os compromissos", frisou. Agora, as coisas são diferentes. "Agora, a situação é diferente. Não sou presidente de câmara nenhuma nem tenho nenhum cargo público".

"Se no trajeto da minha vida futura aparecer um lugar em que as pessoas têm uma grande vontade que eu vá e que eu desiludo as pessoas se não for, eu não desiludo as pessoas", disse, recordando como respondeu há três anos sobre se continuaria na política depois de sair da Câmara do Porto.

Isso não significa que esteja atento a sondagens, que desvaloriza, mas lá foi revelando que tem notado o desencanto das hostes sociais-democratas com Passos Coelho. 

Rio usa mesmo a palavra "desconforto" para qualificar o ambiente no partido e admite até ele não se traduz só em más sondagens, mas que "se sente na rua e com as pessoas". Não o diz, mas essa sensação consolidou-a nos contactos que tem tido nos últimos meses nos bastidores do partido.

Preparado para ser primeiro-ministro 

Agora, Rui Rio até admite que tem vontade de ser primeiro-ministro. "Não pode ser primeiro-ministro deste país quem quer muito, muito, muito nem pode ser quem não quer nada. Quem quer muito, muito, muito não pode ser porque no fundo não está preparado, não percebe a dimensão do que tem pela frente. Porque se perceber, não quer muito. Quem não quer rigorosamente nada, não tem a força necessária para poder ser", apontou, para concluir que o mais importante é ter "noção de serviço público" e estar "disponível para servir".

Rio tem essas características? O ex-autarca responde: "Eu conheço-me há muitos anos e sei que, perante essas situações eu não dou o passo atrás, dou o passo à frente".

E o que é que preciso para Rio avançar? "O PSD não descolar" e não ser "uma alternativa séria", não só ao PS, mas sobretudo "às esquerdas, que isso é que é pior". Se isso acontecer, Rio será alternativa. É a primeira vez que o diz de forma tão clara.