João Galamba reclama promessa de Passos

Foi numa entrevista em março à SIC que Pedro Passos Coelho fez uma promessa ousada. 

Convencido que a estratégia da esquerda de reposição de rendimentos tinha tudo para correr mal em termos orçamentais, o líder do PSD afirmou que se verificasse que a receita funciona, "passaria a defender o voto no PS, Bloco de Esquerda e PCP".

A promessa ficou registada e a sucessão de boas notícias – da diminuição do desemprego à aceleração de 0,8% do PIB no terceiro trimestre, passando pelo cancelamento de sanções e pela aprovação do Orçamento por Bruxelas – dá força aos socialistas para usarem agora de ironia e reclamar o cumprimento da promessa do líder da oposição.

"Sanções evitadas, défice no bom caminho (Bruxelas concorda), maior crescimento do emprego dos últimos anos, economia em forte aceleração e com o maior crescimento em cadeia da zona euro. Parece que isto é a "estratégia do PS a resultar". Agora só falta Passos fazer o que prometeu em março deste ano", escreveu o deputado do PS, João Galamba num post no Facebook acompanhado do link para uma notícia sobre a entrevista de Passos à SIC.

Ex-ministro de Passos desvaloriza sucessos de Costa

Mas onde Galamba vê razões que demonstram o sucesso da receita do Governo, o antigo ministro de Passos, Miguel Poiares Maduro, não encontra motivo para tanto regozijo.

"Este Governo tem um enorme mérito: consegue transformar tudo o que não seja uma grande desgraça num enorme sucesso", escreve Poiares Maduro na sua página de Facebook, tentando desmontar a tese dos apoiantes de António Costa.

"O PIB deste ano será, mesmo após os números positivos deste trimestre, na melhor das hipóteses (1,2) substancialmente inferior ao do ano passado (1,6). O défice deve ser praticamente o mesmo (ou pouco abaixo) do de 2015 (que, após a revisão final do INE, é agora claro ficou abaixo dos 3%). E isto aparece como um enorme sucesso", comenta o ex-ministro, que prefere saudar os sucessos do Governo de que fez parte.

"Após o país, ter passado de quase 11% de défice para menos de 3%, ter saído do programa de ajustamento e ter regressado a um crescimento já relevante de 1,5 do PIB, temos agora um abrandamento do crescimento e uma estagnação da consolidação orçamental. E com a flexibilidade de estar fora de um programa de ajustamento. E isto parece ser um enorme sucesso…", escreve Poiares Maduro.

"Já percebi. As expectativas eram tão más que tudo o que não seja um segundo resgate será apresentado por este Governo como o maior sucesso económico em décadas. Pobre país que se contenta com isto…", remata com ironia.