‘Estas são as lutas e as contradições que temos de sanar na maioria atual’

O voto do BE ao lado de PSD e CDS para obrigar os administradores da CGD a apresentar declarações de rendimentos pode ser uma pedra no sapato do PS, mas os bloquistas não evitaram o assunto na intervenção antes da votação final global do Orçamento. Pedro Filipe Soares veio defender o voto que considera ter…

A discussão sobre a dívida e as alterações ao Código do Trabalho estão a agenda do BE para 2017. E há medidas em que o BE votou vencido neste Orçamento, mas que promete não deixar cair: como é o fim da isenção do IMI aos partidos políticos e a responsabilização dos autarcas.

"Ficou por fazer a alteração ao IMI que coloca os partidos como as outras pessoas", "ficou por fazer a responsabilização dos autarcas", assumiu o líder da bancada parlamentar do BE, assegurando que essas são "lutas que temos pela frente, garantias que o BE não coloca na gaveta".

"Estas são as lutas e as contradições que temos de sanar na maioria atual", disse, depois de justificar a importância de ter aprovado uma proposta que considera ser de "mais transparência" e de lembrar a importância de discutir o problema da dívida.

"Quando nós votamos pela transparência na CGD fazemo-lo conscientes de que ela vai ficar mais forte", afirmou Pedro Filipe Soares, que aproveitou para se demarcar do PSD e do CDS – partidos ao lado dos quais o BE votou para aprovar a obrigatoriedade de os administradores da Caixa apresentarem declarações de rendimentos.

"Sabemos que para o PSD e o CDS os salários não são um problema porque Sérgio Monteiro tem um salário de 30 mil euros a agradecer a PSD e CDS", atacou o bloquista.

Olhando para o futuro, Pedro Filipe Soares acredita que não será possível ignorar o peso dos juros da dívida portuguesa que já correspondem a 25 vezes o valor do aumento extraordinário das pensões.

"Os lucros do BCE com a nossa dívida pública entre 2011 e 2016 foram 5 mil milhões de euros", frisou, lembrando que a maior parte desses lucros vai para Alemanha, França e Itália e defendendo que o tema tem de ser debatido quer em Portugal quer no quadro europeu.

Para já e apesar das "contradições" que subsistem na maioria de esquerda, o BE faz um balanço positivo dos ganhos conseguidos no Orçamento. 

"Orgulhamo-nos do trabalho que fizemos", afirmou, explicando que conquistas como as do aumento extraordinário das pensões ou as alterações ao regime dos trabalhadores independentes foram conseguidas "com diálogo, mas com persistência também".