Se diariamente pesquisou o seu nome no Google talvez lhe espante saber que mesmo assim não foi o suficiente para que este surgisse entre as pesquisas mais populares de 2016. Já Portugal teve em 2016 o ano do seu orgulho, e, de acordo com o relatório divulgado ontem pela companhia sediada na Califórnia, “Euro 2016” foi a principal pesquisa feita pelos portugueses no seu motor de buscas. Como campeões europeus, os portugueses terão gozado de alguma popularidade este ano, e, sem surpresas, Cristiano Ronaldo liderou as pesquisas no que toca aos nomes de futebolistas.
Em segundo lugar veio a grande febre do ano: “Pokémon GO”. Globalmente, dos triliões de pesquisas a que respondeu o algoritmo da Google, foi precisamente este o primeiro colocado à volta do mundo. A bonecada japonesa, que deu um salto virtual para as ruas e causou uma série de incidentes rocambolescos dignos de um episódio da Quinta Dimensão, foi o acontecimento que marcou o ano. E numa altura em que a realidade arrisca cair para segundo lugar face ao mundo virtual não é de estranhar que o segundo termo mais pesquisado seja iPhone7, ou seja, a principal ponte entre um mundo e o outro.
Antes de nos focarmos de novo nos resultados nacionais, surge em terceiro lugar o homem que a revista Time escolheu como a figura do ano: Donald Trump. Era uma questão de tempo até que os reality shows, depois de terem conquistado a atenção da maioria dos cidadãos, se lançassem além dos limites circenses num assalto ao poder. Agora ninguém sabe se a nação mais poderosa do mundo elegeu um tirano ou um palhaço. Talvez uma mistura dos dois. Mas as dúvidas foram o suficiente para fazer de Trump a grande interrogação do ano e o nome mais pesquisado.
A seguir veio o mais cintilante dos gatos: Prince. Num ano em que foram muitas as falhas no firmamento, o músico norte-americano foi o astro cuja perda mais custou a engolir. Vale a pena lembrar que antes o mundo tinha já chorado a morte de David Bowie, e Leonard Cohen ainda parece andar no meio de nós, a despedir-se pessoalmente de cada um dos que, mais do que fãs, foram seus discípulos nas matérias do amor e da perda.
Em relação a nós, tínhamos ficado no Pokémon GO, a que se segue, na terceira posição o “Love on Top”. Sinal de que os portugueses têm as suas caravelas encalhadas no cabo das tormentas destes dias: os reality shows. Depois da Casa dos Segredos, o novo programa da TVI conseguiu acorrentar os portugueses ao dia-a-dia de um homem, uma mulher e dez pretendentes. Intimidades ao léu, parvoíce e boçalidade são hoje ingredientes indispensáveis a uma verdadeira casa portuguesa. De resto, a figura nacional a liderar as pesquisas foi Maria Leal. Não está a ver quem é? Gabe-se-lhe a saúde. Mas, e uma vez que seria demasiado penoso tentar explicar-lhe aqui quem é a figura, o melhor será perguntar ao Google.
Tendo rumado a Belém numa triunfal marcha de afectos, seria de esperar que Marcelo Rebelo de Sousa conseguisse melhor do que a quinta posição. Mas ainda há muitas terrinhas por percorrer, beijos e abraços para distribuir antes de chegar ao nível de uma Maria Leal.
Em segundo lugar houve espaço para a sentida homenagem e despedida a um grande e inesquecível actor: Nicolau Breyner. Em terceiro, o pistoleiro endiabrado que deu ao país uma novela nos noticiários digna de um western cozido à portuguesa: Pedro Dias. E no quarto lugar, um ameaço. O país terá suspirado de alívio com a recuperação de José Pedro Gomes, que esteve por um triz. Felizmente, já voltou aos palcos, e continua a dar a muitos portugueses boas razões para rir.