CDS acusa Governo de criar “verdadeiras prateleiras” na Administração Pública

O Parlamento vota hoje um novo regime para os trabalhadores da Função Pública em requalificação que prevê que tenham formação durante um período máximo de três meses, mantendo o vencimento e o lugar de origem, findo o qual são integrados na secretaria da direção-geral do serviço a que pertencem. 

A esquerda diz que é o fim dos despedimentos encapotados na Administração Pública, a direita teme que se criem "verdadeiras prateleiras" no Estado.

"Para o Governo parece ser o mesmo se o funcionário público está ou não está a trabalhar. Ganha o mesmo", atacou o deputado do CDS, António Carlos Monteiro, frisando que "findo o processo de requalificação o funcionário ingressa na secretaria-geral a que pertencem tenham ou não serviço".

"Não é bom para os serviços que se transformam em verdadeiras prateleiras", apontou António Carlos Monteiro, que tem dúvidas sobre que regime se aplicará aos que optem por integrar IPSS. "Aplica-s-lhes a lei geral do trabalho ou o regime de trabalho em funções públicas", questionou o centrista.

BE defende lei do Governo, PCP quer melhorá-la

Críticas que foram refutadas por Joana Mortágua, deputada do BE, que considera que o anterior regime era "um verdadeiro regime de chantagem", "um regime que os despedia se tivessem um vínculo recente, mas que se não tivessem um vínculo recente aplicava-lhes um corte tão grande que os encostava a uma parede" que na prática os obrigava a sair.

Mortágua recordou, aliás, que essa situação levou à saída de 600 trabalhadores da Segurança Social, num processo que foi condenado pelo Provedor de Justiça.

A deputada do BE acredita que o facto de haver um período determinado – de três meses – definido no regime impede que os trabalhadores sejam "atirados para um buraco sem fundo" como o que acontecia no anterior regime que levava à saída dos funcionários.

"É um verdadeiro regime de requalificação", sublinhou Joana Mortágua para quem o que existia antes era "um esquema muito mal disfarçado de despedimento de funcionários públicos".

"Há trabalhadores a menos e não a mais na Administração Pública", afirmou Rita Rato do PCP, que defende que a lei do Governo tem aspetos "que ainda devem ser melhorados", nomeadamente no que toca à mobilidade territorial e à integração em novos serviços sem penalizações nos salários ou nas carreiras.