O ano de 2017 arranca com os partidos de olhos postos nas autárquicas. No PSD há preocupação sobre a forma como o Governo pode dar uma ajuda às autarquias lideradas pelo PS a ganhar votos, mas também com o impacto que medidas como o aumento de pensões – que se fará sentir em pleno apenas um ou dois meses antes das eleições – podem ter na hora de ir às urnas.
"Se o défice marcou o discurso político no primeiro ano de governo, as eleições autárquicas vão marcar o segundo. Não assumidamente, porque dita a prática engenhosa deste Governo que é com argúcia que se leva a água ao moinho (aos vários moinhos), mas presente nos atos e nas intenções", avisa o vice-presidente do PSD Marco António Costa, na newsletter diária do partido.
"Como se viu na passada semana com o favorecimento vergonhoso de autarquias socialistas. Vai ser o vale tudo!", escreve Marco António numa alusão à notícia do Expresso que revelou um despacho do secretário de Estado das Autarquias Locais que permite a 10 câmaras – nove das quais do PS – receber antecipadamente apoios para financiar obras no valor de 2,5 milhões de euros.
Esta semana, foi também notícia a devolução de cerca de 79 milhões de euros pelo Fisco às autarquias. O valor corresponde a 12 anos de juros indevidamente retidos pelas Finanças sobre o IMI e IMT que são impostos municipais, mas o facto de o dinheiro chegar aos cofres das câmaras poucos meses antes das eleições fez também soar campainhas na oposição.
Marco António Costa acredita, de resto, que a forma como o Orçamento do Estado foi feito já teve em conta o período eleitoral que aí vem.
"A ambição eleitoralista teve um peso substancial no Orçamento do Estado para 2017, a ferramenta que dita as prioridades da ação governativa. E essas estão bem definidas: atirar areia para os olhos dos portugueses, vendendo-lhes a ilusão de que a aposta é no seu bem-estar e na melhoria da sua qualidade de vida, com manobras eleitoralistas como os aumentos no subsídio de refeição ou de até 10 euros em pensões mínimas. Mas só a partir do segundo semestre do ano, porque a vida dos portugueses só está na agenda política para cumprir um calendário: o das eleições", escreve o social-democrata.
"Preparemo-nos para a famosa parcialidade dos governos de esquerda. Para esta esquerda vale tudo… preparemo-nos para a batota pré-eleitoral", avisa Marco António.
Hoje, também o deputado do PSD Carlos Abreu Amorim falava aos jornalistas no Parlamento para criticar a forma "leviana e apressada" como, em seu entender, foram reabertos 20 tribunais que tinham sido encerrados pelo anterior Governo, como parte do que acredita ser "uma manobra" e uma "farsa eleitoralista".