As sociedades Parvalorem, Parparticipadas e Parups – empresas públicas que ficaram com ativos do ex-BPN, herdaram ativos com prejuízos de 4,7 mil milhões.
Estas empresas foram criadas em 2010 para ficarem com ativos (sobretudo 'tóxicos') do BPN com vista a preparar a reprivatização do banco, que foi vendido em 2012 ao angolano BIC por 40 milhões de euros.
Só a Parvalorem registou em 2015 prejuízos de 275,7 milhões de euros, sobretudo devido a perdas por provisões e gastos financeiros, mas também com anulações de dívida resultantes de acordos de reestruturação de crédito.
Estes prejuízos juntam-se aos resultados constantemente negativos dos anos anteriores: 307,8 milhões de euros em 2014, 555,9 milhões em 2013, 614,9 milhões de 2012, 1.904 milhões de 2011 e ainda três milhões de euros de dezembro de 2010.
No total, desde que nasceu com o propósito de gerir créditos 'tóxicos' do ex-BPN, a 'holding' estatal Parvalorem já acumula quase 3.660 milhões de euros negativos.
Ainda segundo o relatório e contas de 2015, a Parvalorem tinha no final desse ano 3,4 mil milhões de euros de crédito em dívida, sendo que 76% estava em incumprimento e a maior parte em litígio na Justiça.
Nos últimos anos, a Parvalorem tem vindo a tentar reduzir custos, nomeadamente através de concentração de estruturas e de redução de trabalhadores, tendo feito vários despedimentos coletivos e rescisões por mútuo acordo, tendo fechado 2015 com 175 funcionários.
Já a Parups, responsável por gerir um conjunto de participações em fundos de investimento (mobiliários e imobiliários), assim como imóveis, obras de arte (nomeadamente do pintor espanhol Joan Miró) e moedas comemorativas e de coleção que pertenciam ao BPN, apresentou em 2015 prejuízos de 82,1 milhões de euros.
Estes resultados fazem com que, no total, desde 2010, a empresa acumule já prejuízos de 869,3 milhões de euros.
A presidente da Parups, Maria Paula Poças Rodrigues, destaca no último relatório e contas as alienações de 132 imóveis em 2014 e 2015, que renderam 6,3 milhões de euros, assim como de participações em alguns fundos imobiliários, mas considera que é necessário no futuro acelerar esse processo, sobretudo pela sociedade gestora Imofundos (que está na alçada da Parparticipadas).
A Parparticipadas (que detém participações sociais em empresas que eram do BPN) acumula desde a sua criação prejuízos de 158 milhões de euros, isto contando com os 32,7 milhões de euros negativos de 2015, que constam do último relatório e contas e que se devem sobretudo à constituição de imparidades (perdas potenciais).
É de referir que, em 2013, a empresa conseguiu registar 27,4 milhões de euros de lucro graças às vendas da seguradora Real Vida à Patris e do banco BPN IFI (Cabo verde) ao angolano BIC. Ainda nesse ano foi acordada a venda do BPN Participações Brasil também ao BIC, mas o negócio acabou por não se concretizar devido à falta da 'luz verde' do banco central brasileiro.
A Parparticipadas nasceu detendo participações em 13 empresas que pertenciam anteriormente ao BPN, sendo que – após alienações e liquidações – no final de 2015 detinha apenas quatro sobre o seu controlo direto: BPN Participações Brasil (que estava em processo de venda, que acabou falhado em 2016), Imofundos (sociedade gestora de fundos, responsável por mais de 80% de ativos da Parups), BPN Creditus Brasil e banco de investimento Efisa.
Contudo, para o banco Efisa havia já um acordo para a sua venda à sociedade Pivot, por 38 milhões de euros, feito durante o governo do PSD/CDS-PP, liderado por Passos Coelho.