O Presidente da República e o primeiro-ministro estão alinhados na estratégia a seguir sobre a Caixa Geral de Depósitos. Marcelo e Costa querem encerrar a polémica e não há comentários sobre o assunto.
“Nada mais tenho a dizer”, disse ontem o primeiro-ministro, em Cabo Verde, quando questionado sobre a decisão da direita de avançar com a criação de uma nova comissão de inquérito sobre a Caixa Geral de Depósitos. “Correspondo ao bom entendimento do Presidente da República. Faz hoje uma semana que esse caso foi encerrado. Nada mais há a dizer”, acrescentou António Costa.
A declaração de Costa está alinhada com o Presidente da República que, nos últimos dias, não se tem cansado de dizer que esse é “um caso encerrado”. Desde que a Presidência da República lançou um comunicado que o chefe do Estado e o primeiro-ministro não falam do assunto.
O Presidente da República informou na segunda-feira, em comunicado, que “ouvido o senhor primeiro-ministro, que lhe comunicou manter a sua confiança no senhor professor doutor Mário Centeno, aceitou tal posição, atendendo ao estrito interesse nacional, em termos de estabilidade financeira”.
“É um assunto sério” A polémica está longe de estar encerrada para PSD e CDS. A direita vai avançar esta semana com o pedido para a criação de uma nova comissão de inquérito. A vice-presidente do PSD Maria Luís Albuquerque voltou ontem a defender que os sociais-democratas querem este assunto “cabalmente esclarecido”.
A ex-ministra das Finanças argumentou que “é um assunto sério que envolve um caso em que há um conjunto de circunstâncias que democraticamente são preocupantes, que têm a ver com acordos que terão sido feitos e foram negados, com o facto de ter havido uma lei-medida, o que é algo que a Constituição proíbe, feita por advogados do beneficiário desta, e em que os consultores foram suportados pela Caixa Geral de Depósitos”.
A direita não desiste de ter acesso às mensagens trocadas entre o ministro das Finanças e António Domingues, ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos. Marques Mendes disse, no seu habitual comentário na SIC, que a manutenção de Mário Centeno pode estar em causa se as mensagens forem divulgadas. “Está nas mãos de António Domingues o futuro de Mário Centeno. Se revelar os sms, Centeno pode estar em risco”, garantiu o conselheiro de Estado, que lançou a polémica sobre esta questão.
Foi há quase quatro meses que Marques Mendes alertou para que os novos administradores da Caixa poderiam não ter de apresentar as suas declarações de rendimentos, ao contrário do que acontece com todos os gestores públicos. O Ministério das Finanças acabou por confirmar que não se tratava de um lapso, porque “a ideia é a Caixa Geral de Depósitos ser tratada como qualquer outro banco”. Centeno e a equipa do Ministério das Finanças acabaram, porém, por ficar isolados neste caso, perante a pressão vinda de todos os lados para que Domingues apresentasse as declarações no Tribunal Constitucional.
Gestão Desastrosa
Marques Mendes considerou que o primeiro-ministro tem feito uma “gestão desastrosa” desta polémica. “Como é que o mesmo político habilidoso que conseguiu construir a geringonça não tem agora o mínimo de talento e habilidade para encerrar este caso?”, questionou o ex-líder do PSD.