Depois de uma manhã a ouvir Paulo Núncio na Comissão de Orçamento e Finanças, o debate vem para o hemiciclo já com o secretário de Estado Rocha Andrade na bancada do Governo. Será ele a ser ouvido em Comissão assim que acabar o plenário.
Tal como estava previsto já na agenda, coube ao PEV iniciar o debate, numa intervenção particularmente dura do deputado José Luís Ferreira, que não tem dúvidas de que o caso dos 10 mil milhões de euros que saíram do país para offshores entre 2011 e 2012 um "verdadeiro escândalo nacional".
"O leve fechar de olhos do Governo PSD/CDS nas transferências financeiras para paraísos fiscais é de uma gravidade sem precedentes e assume a natureza de um verdadeiro escândalo nacional", atacou o deputado dos Verdes, que acha que é importante não só apontar responsabilidades políticas mas criar medidas que reforcem o combate ao uso dos paraísos fiscais para a fuga aos impostos.
Para José Luís Ferreira, o caso "vem dar razão às forças políticas como o PEV que há muito defendem a necessidade de tomar medidas para combater essas práticas e essas políticas que continuam a favorecer quem pretende fugir às suas obrigações fiscais".
"Ninguém compreende, os portugueses não compreendem, aqueles que pagam impostos não entendem, as famílias que durante cinco anos foram sujeitos a um verdadeiro massacre fiscal não percebem como é que é possível que um Governo não tenha controlo sobre o cumprimento das obrigações fiscais, não quisessem saber se havia impostos a cobrar, não estivesse preocupado com o montante de receitas fiscais que a transferência de 10 mil milhões de euros para paraísos fiscais representaria para o nosso país", afirmou o deputado do PEV que bão entende a atitude de PSD e CDS.
"Como é possível que um Governo feche os olhos a transferências de milhares de milhões de euros para paraísos fiscais e lance hipotecas e despeje famílias por pequenas dívidas fiscais?", questionou.
"Afinal, quando se dizia que era o Governo do contribuinte não faltaram à verdade, só não disseram quem eram os contribuintes que protegiam", atacou o deputado do PEV, que acha que "os paraísos fiscais têm de ser olhados como um elemento estranho à nossa democracia".