Depois de aceitar a chamada dos seus ex-ministros das Finanças Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque para serem ouvidos na Assembleia da República sobre a polémica em torno das transferências para paraísos fiscais, o PSD prepara-se agora para a possibilidade de chamar o atual titular da pasta ao parlamento: Mário Centeno.
O i falou com António Leitão Amaro, deputado vice-presidente do grupo parlamentar social-democrata, que não negou a eventualidade de Centeno ir à Comissão de Orçamento e Finanças.
“Afinal, ao contrário da conversa que o governo fazia, a esmagadora maioria das declarações só podiam ser fiscalizadas no tempo deste governo, sendo que sete delas chegaram depois das eleições e quatro, que implicam mais de 2,850 milhões de euros, só chegaram em 2016” – portanto, já durante o governo do Partido Socialista liderado por António Costa e durante o consulado de Mário Centeno à frente das finanças portuguesas.
“Mesmo as declarações recebidas na Autoridade Tributária durante o verão de 2015, conforme reconhecido pelos três diretores-gerais que foram ouvidos no parlamento, só poderiam ser tratadas e fiscalizadas a partir do final do ano de 2015, ou seja, no turno deste governo”, justifica ainda o parlamentar do PSD.
Declarações perdidas para o colo de Centeno Se, nesse sentido, o PSD está a ponderar chamar o titular da pasta correspondente ao parlamento, o ministro das Finanças, Mário Centeno, Leitão Amaro já havia referido essa possibilidade na audição de ontem, não a descartando agora. “É no turno dele [Centeno] que há mais declarações perdidas, 18 das 20”, termina, ao i.
Governo aponta o Governo
Esta terça-feira, o executivo do PS enviou à Assembleia da República um documento que confirmava que 18 das 20 transferências que escaparam aos olhos da Autoridade Tributária e Aduaneira já deveriam ter sido fiscalizadas pelo executivo atualmente em funções, sustentando, de facto, a tese apresentada por António Leitão Amaro.
Ainda assim, ao que o i apurou, os partidos da oposição pretendem aguardar até à saída do relatório da Inspeção-Geral de Finanças sobre o caso antes de tomar uma posição mais crítica e definitiva sobre as responsabilizações a fazer.