Quando Joaquim Jorge aceitou o convite para ser candidato pelo PSD à Câmara de Matosinhos, não aceitou logo. “Preferia ser candidato independente, mas não tenho estrutura nem dinheiro para conseguir fazer isso”. A garantia de que poderia levar outros independentes consigo nas listas chegou para o convencer a candidatar-se à gestão da cidade onde viveu 27 anos. Mas nessa altura o fundador do Clube dos Pensadores estava longe de imaginar o filme em que se veria envolvido.
A resistência da distrital
Joaquim Jorge só começou a perceber as resistências do líder da distrital do Porto, Bragança Fernandes, quando a votação da comissão política da concelhia para aprovar a sua candidatura começou por ser adiada por indicação da estrutura distrital.
Bragança Fernandes terá feito saber que preferia outro candidato. Mas nunca chegou a falar com Joaquim Jorge, que assegura não saber quais os motivos por trás da resistência que o seu nome parece levantar na distrital do Porto do PSD. “Eu sou amigo do Bragança Fernandes. Até já apresentou um livro meu”, conta o independente ao i.
Este sábado, a concelhia aprovou finalmente o nome de Joaquim Jorge como candidato a Matosinhos. Mas o processo foi tudo menos pacífico.
Na quinta-feira, uma votação inicial tinha redundado num impasse, com oito votos a favor e oito contra. Um resultado confirmado na repetição dos votos e que deu lugar a mais um empate – desta vez por sete/sete – no sábado, quando faltaram dois dos membros da concelhia com direito a voto.
O empate foi ultrapassado com o voto de qualidade do presidente da concelhia, seguindo o procedimento que está previsto nos estatutos. Mas a decisão não deixou satisfeitos os que se opõem ao nome do independente e levou mesmo a que os que votaram contra saíssem da sala no momento em que o presidente da concelhia anunciou que iria desempatar a votação.
“Estou a ponderar retirar-me”, diz candidato
“Isto é uma luta do aparelho. Sou alheio a isto”, comenta ao i Joaquim Jorge, que assume agora estar a ponderar afastar-se da corrida.
“Estou a ponderar retirar-me. Ainda não me retirei porque tenho respeito por quem está comigo e quem me apoia”, declara ao i o fundador do Clube dos Pensadores, que revela ainda não ter conseguido falar com Bragança Fernandes sobre a situação, apesar da boa relação pessoal que diz manter com o líder da distrital do Porto.
“Não me atende o telefone nem me responde aos sms”, conta Joaquim Jorge sobre Bragança Fernandes, assumindo estar à espera de uma intervenção de Pedro Passos Coelho no assunto quando faltam menos de duas semanas para o prazo indicado pela direção do PSD para a definição dos candidatos do partido às autárquicas deste ano.
“Em Leiria, Passos Coelho interveio, aceitando a decisão da concelhia, apesar de estar em causa o nome do seu ex-chefe de gabinete Feliciano Barreiras Duarte”, recorda Joaquim Jorge, lembrando que nesse caso prevaleceu a vontade da estrutura local de avançar com o nome de Fernando Costa.
Até agora, Passos ainda não terá contudo dado quaisquer sinais neste caso, estando ainda a inteirar-se do que se passa em Matosinhos.