Não está fácil a nomeação do candidato autárquico do PSD em Matosinhos. Depois de uma votação que redundou num empate na quinta-feira e de um segundo empate no sábado, o presidente da concelhia, António José Barbosa, resolveu usar o voto de qualidade para aprovar Joaquim Jorge. Mas a distrital tarda em validar a decisão.
O i sabe que a distrital do Porto, liderada por Bragança Fernandes, está a pôr em causa a existência de quorum na reunião da concelhia, uma vez que os sete elementos que tinham votado contra o nome de Joaquim Jorge saíram da sala no momento em que António José Barbosa resolveu usar o seu voto de qualidade para resolver o impasse.
Presidente da concelhia tem parecer de quatro juristas
O presidente da concelhia não aceita, contudo, o argumento da falta de quorum como válido e assegura que agiu sustentado pelo "parecer de quatro juristas" e em "cumprimento do Código de Procedimento Administrativo".
"O quorum verifica-se no início das reuniões. No sábado estavam presentes 14 dos 16 membros da concelhia", explica ao i António José Barbosa, que assegura ter respeitado todas as regras e ter remetido à distrital a ata "aprovada e assinada" da reunião que elegeu Joaquim Jorge esta segunda-feira.
António José Barbosa diz, por isso, que agora resta à concelhia aguardar pela validação de uma decisão que considera válida. "Vou aguardar", garante ao i, afirmando estranhar o que se está a passar.
"Estranho muito tudo isto", comenta o líder da concelhia, que garante nunca lhe ter sido apresentado outro nome alternativo a Joaquim Jorge, apesar de nos jornais terem surgido nomes como os de Vítor Baía, João Loureiro, Virgílio Macedo e Bragança Fernandes como hipóteses do PSD para Matosinhos.
"Perguntei em várias reuniões se alguém tinha um nome alternativo ao de Joaquim Jorge para submeter a votação", conta, garantindo que a resposta foi sempre negativa. "Tenho tido sempre uma atitude de abertura de diálogo, mas não há alternativas".
Sem referir nomes, Barbosa fala mesmo em "terrorismo político" para qualificar a forma como "pessoas que há dez anos comandam a distrital" do Porto estão a dificultar a indicação do nome de Joaquim Jorge.
Joaquim Jorge diz que vai 'até ao fim'
De resto, António José Barbosa explica a resistência – que nunca lhe foi transmitida diretamente – ao nome de Joaquim Jorge com o facto de ser um independente.
"É um independente que ia tirar lugares aos boys dos partidos e tem um pensamento independente que não seria fácil de comandar", analisa o líder da concelhia, que diz que Joaquim Jorge é a sua "primeira e única escolha" e aquela que "melhor defende os interesses do partido".
"Acredito que Joaquim Jorge, por ser um homem independente, ia poder buscar alguns votos à esquerda num momento em que a família socialista está muito dividida em Matosinhos e que, por isso, teria condições para ganhar a Câmara", argumenta António José Barbosa.
Para já e depois de ter posto a hipótese de se retirar da corrida, Joaquim Jorge diz apenas esperar pela decisão da distrital social-democrata do Porto.
"Ponderei retirar-me. Mas por respeito às pessoas que me apoiam, vou até ao fim. Quero ver o que a distrital decide", afirma Joaquim Jorge ao i.
Certo é que o próximo dia 21 é apontado a nível nacional como a data limite para a definição de candidatos do PSD às autárquicas, pelo que o impasse terá de se resolver dentro dos próximos cinco dias.
De qualquer modo, Matosinhos não é a única situação complicada para resolver na distital laranja do Porto. O i sabe que em Felgueiras, Valongo e Paredes os candidatos estão ainda por aprovar, devido a divisões internas.