Já cinco milhões de sírios fugiram do país desde que há seis anos começou a guerra civil, segundo anunciou esta quinta-feira o órgão de proteção de refugiados das Nações Unidas (ACNUR), apelando aos países europeus que não transformem a crise humanitária numa batalha eleitoral.
O marco dos cinco milhões de refugiados foi ultrapassado pela primeira vez graças à violenta batalha entre regime e rebeldes radicais por Alepo, nas últimas semanas de 2016. Os bombardeamentos do governo sírio e seus aliados russos, conjugados com os combates nas zonas urbanas daquela que era a maior cidade do país antes do conflito, criaram um êxodo de quase 50 mil pessoas para a Turquia.
Ancara, aliás, acolhe praticamente três milhões de refugiados sírios, mais do que o dobro de todos os outros países somados.
Há quatro anos, o número de refugiados sírios rondava um milhão. Desde então, a massa de novos fugitivos deslocou-se sobretudo para países vizinhos.
Para além dos três milhões de sírios que foram para a Turquia, cerca de meio milhão de refugiados deslocou-se para a Jordânia, algumas centenas de milhares para o Iraque e cerca de um milhão de pessoas foram para o Líbano, onde os refugiados sírios são hoje quase um terço da população.
Aos cinco milhões de refugiados, porém, somam-se os mais de seis milhões de sírios deslocados no interior do país, o que faz com que mais de metade da população do pré-guerra tenha sido lançada para fora de suas casas.
“Esta não é a altura de rejeitar refugiados sírios”, disse esta quinta-feira Babar Baloch, porta-voz da ACNUR, lançando-se aos países europeus que disputam por estes dias o acolhimento de deslocados e recordando a crise humanitária provocada pela II Guerra Mundial. "A nossa esperança é a de que a humanidade não seja julgada num boletim de voto."