Mortágua: o testemunho da geração que não é ingrata

Joana Mortágua subiu ao púlpito na sessão solene para dar o testemunho de uma jovem filha de Abril que assegura não pertencer a uma geração ingrata.

"Nasci no Serviço Nacional de Saúde, estudei na Escola Pública e não pertenço a uma geração ingrata", afirmou a deputada do BE, que recusa a ideia de que celebrar Abril se resuma a um dia por ano ter um cravo ao peito.

"Sim, tenho orgulho de pertencer a uma geração que luta em liberdade. Tivesse isso chegado para não nos mandarem emigrar , para não nos sacrificarem o futuro no altar da austeridade, para não nos falharem a promessa de solidariedade numa Europa que afinal nos quer submissos", declarou Joana Mortágua, que no rescaldo das eleições francesas que fizeram passar Macron à segunda volta contra Marinne Le Pen, criticou a "moderação do situacionismo".

"Olhando hoje para  Europa, quem pode não reconhecer, não querer ver, que houve um projeto que falhou",  perguntou a bloquista, que não tem dúvida de que "o medo se converteu no maior aliado de um projeto político conservador que domina a Europa".

"Perigo é austeridade que renasce quando baixamos a guarda, as troikas que espreitam a cada Programa de Estabilidade. Servem apenas para lembrar que ainda não vencemos, que ainda temos quem se ache nosso dono, que não somos livres", avisou Joana Mortágua, que defende que "a alternativa aos projetos reacionários não é a moderação do situacionismo".

Dias depois da discussão em torno de mais um Programa de Estabilidade, Joana Mortágua diz que "o maior erro é continuar a sacrificar a democracia aos lucros dos mercados financeiros e a negar direitos e liberdades em nome de uma segurança que nunca se cumpre, só oprime".