"Deixe-me talvez arbitrar essa questão, dizendo que sim, há contradição", afirmou o líder do PSD, que diz que Jerónimo de Sousa "agora no Governo mudou de ideia" e "revela enorme simpatia e sensatez", mas na realidade o que o Executivo está a fazer é aquilo que o PCP criticou no passado: os cortes no investimento público.
Passos diz que 0,9% do défice alcançado em 2016 "resultou da queda do investimento público".
"É aqui que está a contradição. A contradição da sua parte é total", frisou o líder da oposição, afirmando que Costa mudou de ideias no Governo.
"O senhor primeiro-ministro disse que a economia crescer sacrificando o investimento público não podia estar certo. Afinal, foi isso que aconteceu", apontou Passos Coelho.
Costa diz que a contradição é toda de Passos
"Quem disse que era impossível seguir a trajetória que seguimos no ano passado e conseguir os resultados que alcançámos era vossa excelência", declarou António Costa, que diz que o Governo conseguiu "aritmeticamente" aquilo que o PSD tinha dito que era aritmeticamente impossível".
"Foi possível reduzir em 2016 obtendo um défice do que aquele que estávamos obrigados a obter", notou Costa, que saudou Passos por o ver "convertido aos benefícios do investimento público".
"Fico satisfeito. Porque isso irá certamente ajudar a apoiar que este ano vamos aumentar em 21% o investimentos", ironizou, lembrando que a maior quebra de investimento se deu entre 2010 e 2015, quando este valor caiu de 27% para 10%.
Além disso, António Costa assegura que "não é verdadeira a tese de que o corte no investimento foi a forma de cumprir o défice".
"Como sabe, o investimento é sobretudo suportado pelos fundos comunitários", notou, culpando o anterior Governo por ter atrasado o Programa Portugal 2020, prejudicando com isso o investimento público em 2016.
"Teríamos tido uma melhor execução orçamental se tivessemos mais condições para executar mais fundos", concluiu Costa, perante os protestos da bancada do PSD.