A UNICEF disse esta sexta-feira que o surto de cólera no Iémen está a atingir proporções "alarmantes". A agência das Nações Unidas detetou dez mil novos casos de cólera nas últimas 72 horas, sobretudo atingindo crianças, e afirma que, a este ritmo, haverá 130 mil pessoas contaminadas nas próximas duas semanas.
O Iémen está há dois anos numa guerra civil que opõe a população xiita e fiel ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh aos aliados sunitas do presidente no exilado Mansour Hadi. O país atravessa uma situação de “catástrofe humanitária”, e, segundo a ONU, 18 milhões de pessoas precisam de algum tipo de assistência, especialmente alimentar.
Zahraa is 1 of over 65,000 people sick with cholera in #Yemen. We've sent 58 tons of medical supplies to help – and more is on the way. pic.twitter.com/YYjSlv1xNJ
— ICRC (@ICRC) June 2, 2017
O surto de cólera é apenas o mais recente sinal da pobreza e escassez de meios no Iémen, que, antes da guerra, era já o país mais pobre no Médio Oriente. Seiscentas pessoas morreram de cólera apenas no último mês, que aproveita o facto de um quarto da população de cerca de 26 milhões de pessoas precisar de “assistência alimentar urgente”, debilitando os seus sistemas imunitários.
A guerra e a fome são vias abertas para o alastrar do surto de cólera. Dois terços da população no Iémen não têm acesso a água potável canalizada e há poucos hospitais com capacidade e material médico para tratar devidamente estes pacientes. A capital, Sana, assim como a província de Amanat Semah, no norte e sob controlo rebelde, são os locais mais severamente atingidos.