“Eu emocionei-me e fiz com que a senhora ministra se emocionasse, e peço desculpa por isso.” Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, falava do momento em que se emocionara perante a notícia da morte de um bombeiro voluntário.
A seu lado estava Constança Urbano de Sousa, a ministra da Administração Interna, que é próxima de António Costa desde que o próprio primeiro-ministro esteve com a pasta que agora é dela.
Urbano de Sousa, ao que o i apurou, encontrava-se sob elevada pressão nos primeiros momentos do incêndio que despontou em Pedrógão Grande, chegando a ser confrontada pela comunicação social com a possibilidade da sua saída do cargo.
Aí, a resposta da ministra saiu pronta: “Este é o tempo de ações, e não de demissões.”
O i sabe que o primeiro-ministro terá conversado com o Presidente da República sobre a necessidade de manter o governo coeso face à situação de emergência nacional proporcionada pelo alastrar dos incêndios no distrito de Leiria.
E Marcelo Rebelo de Sousa segurou mesmo a ministra de António Costa. Visitando aldeias afetadas pelas chamas, consolando bombeiros e locais, sempre ao lado dela. Os dois, comovidos, juntos.
Ainda não é garantido que Urbano de Sousa se mantenha na posição após o amainar da crise de fogo, mas o certo é que Belém garantiu ao governo a estabilidade que lhe faltava no terreno.
Ontem, a ministra reagiu às notícias que davam conta do impedimento, por parte das autoridades portuguesas, de deixar seis dezenas de bombeiros espanhóis (acompanhados de equipamento e água) entrarem no país em auxílio do combate aos incêndios.
“Por vezes há pessoas com excesso de voluntarismo que podem querer empenhar-se sem ter qualquer tipo de enquadramento”, justificou a ministra. “As pessoas têm de vir devidamente enquadradas e temos de ter capacidade logística para as enquadrar” – cenário que, aparentemente, não se dava. “Não podemos estar aqui com voluntarismos”, disse ainda a ministra.
Ao que o i apurou, o governo tem recusado apoios voluntários para toda a semana devido à ausência de estruturas suficientes para os gerir.
Costa quer saber O sr. primeiro-ministro quer saber e fê–lo saber por escrito e em despacho. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera, a Autoridade Nacional de Proteção Civil e a Guarda Nacional Republicana terão todos de responder, separadamente, às questões que António Costa pretende ver esclarecidas antes de uma avaliação mais global, a fazer depois do fim das operações em curso. E as questões são: “Houve no local circunstâncias meteorológicas e dinâmicas geofísicas invulgares que possam explicar a dimensão e intensidade da tragédia, em especial no número de vítimas humanas, sem paralelo nas ocorrências de incêndios florestais, infelizmente tão frequentes em Portugal”?
Costa inquire também se “houve interrupção do funcionamento da rede SIRESP (Rede Nacional de Emergência e Segurança)” e, se houve, porquê, durante quanto tempo, que impacto teve e que alternativas foram estabelecidas.
Por último, Costa pretende saber “porque não foi encerrada ao trânsito a Estrada Nacional (EN 236-I)”, se esta foi indicada pelas autoridades “como alternativa ao IC8 já encerrado” e se foram “adotadas medidas de segurança à circulação nesta via”.
Foi na 236 que o maior número de veículos e automobilistas foram vitimados pelas chamas, assim como por atropelamentos de quem, em fuga, não tinha visibilidade devido à noite e ao fumo.