Na entrevista dada ao "Vozes ao Minuto" há dois dias por André Ventura, o candidato do PSD e do CDS à autarquia de Loures, diz que “temos tido uma excessiva tolerância com alguns grupos e minorias étnicas. Não compreendo que haja pessoas à espera de reabilitação nas suas habitações, quando algumas famílias, por serem de etnia cigana, têm sempre a casa arranjada. Já para não falar que ocupam espaços ilegalmente e ninguém faz nada. Quem tem de trabalhar todos os dias para pagar as contas no final do mês olha para isto com enorme perplexidade.”
Segundo o professor universitário, comentador desportivo e agora candidato à Câmara Municipal de Loures, "há minorias no nosso país que acham que estão acima da lei", e o candidato que quer disputar a autarquia ao PCP e ao seu actual autarca, Bernardino Soares, a razão pela qual o problema da ocupação ilegal de imóveis por parte destas minorias persiste no conselho é por falta de coragem política: "[É] uma questão desconfortável eleitoralmente. O PCP sabe que não está num concelho culturalmente comunista. Sabe que aquilo que faz pode vir a condicionar o resultado eleitoral. E é também uma questão de conceito ideológico de achar que há determinados grupos que, por pertencerem a determinadas minorias, têm de ter um tratamento diferenciado."
Agora, e em reacção a estas declarações, o candidato do Bloco de Esquerda àquela autarquia, Fabian Figueiredo, apresentou queixa à Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial contra o candidato da coligação PSD-CDS. Figueiredo defende que André Ventura ultrapassa os limites da liberdade de expressão e "não só difama (ou insulta, cremos até que ambas as condutas são praticadas) as pessoas de etnia cigana, dizendo que estas são beneficiadas quando comparadas com as demais, como incita explicitamente à discriminação destas pessoas".
O BE refere ainda que esta conduta de "André Ventura torna-se ainda mais grave pois o mesmo fez questão de, na sua página pessoal de Facebook, e após ter sido alvo do natural repúdio que a sua entrevista gerou na sociedade portuguesa, reafirmar todo o conteúdo polémico (…), incitando toda a população portuguesa a deixar de ter a excessiva tolerância que André Ventura fantasia e que, por isso, só em algumas mentes preconceituosas existe".