Marco António Costa saiu em defesa de Marcelo Rebelo de Sousa depois de a UNITA criticar o PR por este felicitar o MPLA pela vitória nas eleições angolanas com base em resultados provisórios publicados pela respetiva Comissão Nacional Eleitoral. «O Presidente da República fez bem em tomar a posição que tomou.
No âmbito de um processo democrático, pareceu-me natural. As críticas oriundas da oposição em Angola derivam, creio eu, da necessidade de se justificarem perante o seu eleitorado. É assim. Cada um só se poderá queixar de si mesmo», defende o vice-presidente do PSD, que presidiu a uma das múltiplas delegações internacionais que observaram as eleições em Angola na transata semana. Como representante da CPLP, Marco António teve o deputado do PS, Porfírio Silva, e um juiz do Supremo Tribunal Federal brasileiro na sua equipa.
Cada delegação (da ONU à embaixada norte-americana) foi repartida pelo território angolano e a CPLP ficou com Luanda, a província mais populosa. «Vimos mais de 20 assembleias de voto e 60 mesas», relata Marco António, também presidente da Comissão Parlamentar de Defesa. «Destaco duas coisas: a mobilização em torno das eleições – com espírito cívico e boa organização – e a forte participação jovem», acrescenta, ao SOL.
Os cadernos eleitorais angolanos ganharam cerca de dois milhões de novos eleitores este ano. «Angola abriu um novo capítulo», considera ainda o social-democrata. «Em tudo o que observei, deparei-me com um processo justo, livre e transparente. As restantes organizações internacionais também o saudaram, a embaixadora americana – esta é uma região estratégia para os EUA – também felicitou o povo angolano. Antecipo em Portugal dois sentimentos: preocupação e esperança». Esperança, continua Marco António Costa, «num compromisso com o processo democrático, com o desenvolvimento económico e uma melhor integração social»; preocupação, na medida em que afirma ter testemunhado um ambiente de pobreza «muitas vezes chocante», e que deverá ser «prioridade das autoridades angolanas nos próximos anos».
«Os portugueses devem acompanhar esta transição com o dever de respeito por um processo soberano, entendendo que há motivos de orgulho. Foram eleições justas, limpas e democráticas».
O português, que já conheceu o general João Lourenço, descreve-o como um homem «simples, comum, dedicado à causa pública e possivelmente disruptivo com certas críticas feitas ao antigo MPLA». «Afinal, só assim poderia ser o reformista que se afirma», conclui.