“Se eu permanecesse vitorioso à frente do PSD, em vez de estar a construir uma alternativa de governo estaria em permanência a combater o preconceito e a ideia feita de que estava agarrado ao poder do partido, que estava a resistir a ceder o lugar a quem tem melhores ideiaa, melhore estratégias para levar o partido a bom porto”, disse Pedro Passos Coelho hoje numa intervenção pública, antes do conselho nacional do partido para analisar os resultados das eleições autárquicas de domingo.
Sobre a a votação obtida pelo PSD, o ainda líder do partido confessou que “não foi um resultado que esperasse” e acrescentou que “chega para que qualquer um que goste de assumir as responsabilidades, e eu gosto de assumir as responsabilidades”, por isso, a decisão de não se recandidatar à liderança no próximo congresso em 2018.
Com ele à frente do partido, Passos acredita que ficariam “cada vez mais à mercê da injustíssima acusação de que estaríamos agarrados ao passado” e ao “poder interno”. O líder social-democrata defende que é preciso uma ideia, uma nova perspetiva – “eu não estou em condições de oferecer essa perspetiva ao PSD”.
Em relação à nova liderança, Passos Coelho promete a sua lealdade aos “protagonistas desta nova fase do PSD” e tranquiliza dizendo que não ficará por aí a rondar. “Não ficarei cá a rondar nem a assombrar. Não é a minha maneira de estar”, no entanto, “o facto de não me recandidatar à liderança do PSD não significa que me calarei para sempre”.
Passos Coelho fez ainda uma revisão dos oito anos que esteve à frente do partido, que caracterizou como “duros” e “intensos”, e deu especial ênfase aos últimos dois onde “o PSD era frequentemente apresentado como a causa de todos os males e o impedimento da felicidade”.