O caldo entornou entre São Bento e Belém e a oposição respondeu. Depois de deputados do PS acusarem Marcelo de “passar rasteiras” ao governo e do jornal oficial do partido considerar o Presidente uma “ameaça à democracia”, Marco António Costa reagiu ao SOL.
A título pessoal, o vice-presidente do PSD considera que os ataques dos socialistas a Marcelo Rebelo de Sousa revelam não só uma “preocupante falta de humanidade” como também uma “indisfarçável irritação a qualquer crítica”.
Para Marco António, o “Presidente da República agiu dentro dos poderes que são constitucionalmente seus” e “de encontro aos deveres da função presidencial em que os portugueses se revêem”, tendo de igual modo feito bem “em não deixar cair no esquecimento as pessoas que sofreram – e sofrem – a falência do Estado no dever de as proteger”. O social-democrata adverte que seria “imperdoável se agora o Estado falhasse também no dever de reparar os danos que sejam reparáveis”.
“O sr. Presidente da República tem acompanhado com grande humanidade uma tragédia, duas vezes repetida, que assolou a sociedade portuguesa”, conclui Marco António Costa, que considera que “um partido de governo não riposta assim contra um Presidente”, depois de o PS ter criticado Marcelo Rebelo de Sousa em força.
Nas redes sociais, o deputado Porfírio Silva, membro do secretariado nacional dos socialistas, afirmou que o discurso de Marcelo na semana passada se tratou de um “inaceitável aproveitamento politiqueiro de uma enorme tragédia que o país viveu”.
“Não pode um órgão de soberania usar as tragédias humanas para passar rasteiras a outro órgão de soberania”, escreveu Porfírio, sobre a relação entre o executivo e a presidência.
O Presidente havia instado o governo minoritário de António Costa a “ponderar o quê, quem, como e quando melhor serve” um “novo ciclo" e o PS, aparentemente, não gostou. Na Ação Socialista, o jornal oficial do partido, um artigo de opinião de Magalhães Ilharco acusava Marcelo de ter exorbitado “dos seus poderes constitucionais” numa “tentação presidencialista” “que ameaça a democracia”.