Medina ainda não conseguiu acordo com Bloco de Esquerda

Habitação e transportes estão a dificultar acordo. BE quer que socialistas façam mais cedências. Presidente da Câmara de Lisboa toma hoje posse

Fernando Medina toma hoje posse, mas ainda não conseguiu um acordo com a esquerda para governar a cidade nos próximos quatro anos. Medina manifestou logo na noite eleitoral disponibilidade para atribuir pelouros a vereadores de outras forças políticas “caso haja vontade”. Nada está ainda fechado, apesar das conversações entre o PS e os partidos à sua esquerda.

Os socialistas ficaram a um vereador da maioria no executivo e a solução pode estar no Bloco de Esquerda, que elegeu Ricardo Robles para a câmara. As negociações, apurou o i, não têm, porém, sido fáceis, principalmente na discussão sobre as políticas de transportes e de habitação. O BE entende que “as cedências do PS não se aproximam ainda daquilo que seria um patamar de entendimento sobre habitação e transportes. E não estando fechado o acordo político, não foram ainda discutidos pelouros”.

A primeira reunião entre Medina e uma delegação do BE foi há quase três semanas. Os bloquistas tornaram público, na altura, que esse primeiro encontro serviu para fazer “um levantamento exploratório das questões programáticas que importam para o governo da cidade”.

O Bloco de Esquerda manifestou, em comunicado, disponibilidade para participar numa “viragem política” que deve incluir “a construção de creches municipais, o resgate da taxa de turismo, a recuperação dos transportes públicos ou a concretização de programas de habitação que protejam as famílias contra despejos abusivos e substituam a PPP prevista por um programa de habitação integralmente público”.

 

Procurar convergências

O PCP esclareceu desde cedo que apenas estaria disponível para acordos pontuais. Ao i, João Ferreira explica que a disponibilidade do partido é para “procurar convergências e tentar que elas sejam tão alargadas quanto possível. Não somos, nem seremos, uma força de bloqueio, seremos sempre uma força de construção”.

As prioridades do PCP serão os “transportes, mobilidade, habitação, as desigualdades e o estado de alguns serviços municipais importantes”, diz João Ferreira, convicto de que um PS sem maioria absoluta criará “melhores condições” para “atacar de frente estes problemas, alguns deles que se arrastam há muito tempo sem solução”.

 

Promessas de Medina

Fernando Medina prometeu, na campanha eleitoral, apostar na habitação e transportes públicos. O programa do PS garante que Lisboa será uma cidade “cada vez mais para todos, o que implica garantir habitação acessível a toda a população, atraindo novos habitantes para a cidade”. Medina comprometeu-se a colocar no mercado, nos próximos quatro anos, seis mil casas com rendas entre os 200 e os 400 euros. “Temos de fazer agora para a classe média aquilo que fizemos para a habitação social.”

A recuperação dos transportes públicos será também “uma prioridade clara”, porque “o número de carros que todos os dias entram na cidade é insustentável”. Medina definiu ainda como aposta reforçar a economia da capital – o que passa por incentivar um “turismo forte”.

A direita, que ao contrário do que aconteceu há quatro anos concorreu separada nas eleições do dia 1 de outubro, elegeu seis vereadores. O CDS passa a ter mais vereadores do que os sociais–democratas e é representado por Assunção Cristas, João Gonçalves Pereira, Maria Zagalo e Antero Moreira da Silva. A presidente do CDS garantiu que fará “uma oposição muito firme e construtiva”. Os vereadores do PSD são Teresa Leal Coelho e João Pedro Costa.