António Arnaut, presidente honorário do PS e mandatário nacional da campanha do PS nas últimas legislativas, foi um defensor, desde a primeira hora, da aliança à esquerda e ficou «muito feliz» com o nascimento da ‘geringonça’. «Os resultados são altamente positivos do ponto de vista económico e social. Este Governo mostrou que é possível caminhar para uma maior igualdade e dignidade de todos os cidadãos sem esquecer o défice. Isso é que é de facto o grande triunfo deste Governo».
O histórico do PS, em declarações ao SOL, defende que esta solução política inédita na democracia portuguesa foi boa para todos. Até para o PS que noutras condições poderia ceder a certas tentações. «Ajudou o PS a encontrar a sua identidade na medida em que impediu eventuais tentações de desvios à direita. Ajudou o PS a reencontrar-se».
As divergências entre o PS e os partidos à sua esquerda são encaradas sem dramas pelo ex-ministro de Mário Soares. Arnaut considera que o PCP e o BE «são livres de reivindicar», mas o Governo só tem obrigação de ceder às exigências que ficaram escritas nos acordos assinados há dois anos. «Há reivindicações que estão no acordo e essas têm de ser cumpridas. Há reivindicações que não estão no acordo que o Governo não tem de cumprir. Poderá cumprir, se puder, mas não tem de as cumprir. O_PS e o Governo apenas estão vinculados aos compromissos assumidos nos acordos com os outros partidos», diz Arnaut, na semana em que a esquerda aumentou a pressão para que o Governo ceda às reivindicações dos professores e alinhou com a greve e os protestos na rua.
Histórico do PS quer novo acordo a seguir às eleições
O histórico socialistas acredita que estão criadas condições para que o Governo cumpra os quatro anos da legislatura. «É desejável e é bom para o país que isso aconteça», afirma Arnaut, convicto de que «seria muito mau para Portugal que houvesse uma crise política».
Jerónimo de Sousa e Catarina Martins já garantiram que este acordo não é repetível. Arnaut desdramatiza e acredita que, se o PS vencer as próximas legislativas, poderá existir outro tipo de acordo. «Este acordo não é repetível porque as circunstâncias não são as mesmas, mas poderá haver outro tipo de acordo e eu gostaria que houvesse, mesmo que o PS consiga ter maioria absoluta. Isso reforçava a base democrática do Governo».