Carlos César afirmou na manhã desta terça-feira à SIC Notícias que a alteração do sentido de voto face à proposta do Bloco de Esquerda para que fosse aplicada uma contribuição extraordinária às empresas de energias renováveis resultou de uma “reflexão mais apurada sobre as consequências” e sobre os “impactos reputacionais” e “jurídicos”.
“Fizemos a nossa reflexão, em resultado dessa reflexão entendemos que seria precipitado adotar estas contribuições sem que houvesse uma reflexão mais apurada sobre as suas consequências, sobre os seus impactos reputacionais e sobre também os seus impactos jurídicos”, afirmou o presidente do PS e líder da bancada parlamentar.
Questionado sobre a existência de lóbis da energia, uma acusação feita no discurso final de Mariana Mortágua, Carlos César recusa a ideia afirmando que o PS não cede a lóbis de qualidade nenhuma. “O nosso único lóbi é o interesse nacional”, rematou o deputado.
Sobre a forma como foi conduzido o processo, Carlos César justificou que a intenção do PS era “não prejudicar este processo”. O Bloco de Esquerda apresentou duas propostas, tendo a primeira sido rejeitada pelos socialistas, e a segunda “conversada com alguns membros do governo”. “Nós votámos favoravelmente a esta segunda proposta do Bloco de Esquerda para não prejudicar a sua aprovação, condicionando-a a uma nova votação”, explica.
Depois de tanta “reflexão”, o voto acabou por ser contra. No entanto, Carlos César confirma concordar com a proposta “em tese”. “Concordo em tese que estas rendas são excessivas e concordo também com o que resultou da nossa reflexão”, afirmou. “É que o governo neste ano de 2018 deve estar obrigado a proceder a uma reflexão sobre o sistema regulatório do setor energético de forma a, por um lado, diminuir estas rendas excessivas e, por outro lado, diminuir a fatura que os portugueses em geral pagam pela eletricidade”, acrescentou o presidente do PS.
Carlos César deixou bem claro que os partidos que compõem o acordo parlamentar são diferentes mas que dependem todos uns dos outros. “Aqueles que nos apoiam dependem do nosso desempenho como governantes, e nós dependemos também do desempenho não só dos que nos apoiam como também da oposição”, afirmou.
Se a geringonça está em risco, Carlos César não disse, mas reforçou a “dinâmica muito própria” do acordo feito. “O Bloco de Esquerda e o PCP transmitem-nos impulsos que nos tornam por vezes mais ousados e também devemos dizer que nós transmitimos outros impulsos ao Bloco de Esquerda e ao PCP que os tornam menos extremistas, mais responsáveis e mais conscientes da realidade e aquilo que é possível em cada momento fazer”.