O Parlamento aprovou esta semana a audição urgente do novo provedor da Santa Casa da Misericórdia, Edmundo Martinho, para falar da eventual entrada da Santa Casa no capital do Montepio. Além do sucessor de Santana Lopes à frente da SCML, também foi chamado o ministro Vieira da Silva. A ideia foi do CDS – e acabou aprovada por unanimidade.
A decisão de dar um caráter de urgência à audição do novo provedor incomodou as hostes de Santana Lopes – porque Edmundo Martinho acabará por ser ouvido antes das diretas do PSD, marcadas para 13 de janeiro. E como o presidente da Comissão do Trabalho é Feliciano Barreiras Duarte, um dos mais destacados apoiantes de Rui Rio, os santanistas já admitem que o caso SCML/Montepio pode estar a servir para prejudicar Santana nas eleições internas. Mas, na realidade, quem teve a ideia de chamar Edmundo Martinho e Vieira da Silva foi o CDS.
A possível entrada da SCML no banco Montepio começou, desde cedo, a levantar várias dúvidas por causa da forma como o processo começou a ser conduzido. Uma das últimas críticas surgiu da parte de Bagão Félix ao jornal i: «A instituição não existe para pôr 200 milhões num banco. Existe para proteger os mais desfavorecidos da sociedade de Lisboa. Tudo o resto são lateralidades face ao estatuto».
O ex-ministro das Finanças alerta ainda que «um valor tão alto retirado à liquidez e substituído por ações num banco não é a mesma coisa que investir em imobiliário». Recorde-se que a Fitch reavaliou o rating do Montepio, que apesar de ter subido continua no grau de risco altamente especulativo.