"O @psocialista não pode continuar a esconder a cabeça na carapaça da tartaruga. Próximo Congresso é oportunidade p/ escalpelizar como se prestou a ser instrumento de corruptos e criminosos. Pela renegeração do próprio PS, da Política e do País”, escreveu Ana Gomes no Twitter.
Manuel Pinho é suspeito de ter recebido um total de 508 mil euros vindos do saco azul do Grupo Espírito Santo (GES) numa altura que Pinho não tinha qualquer ligação ao GES. Antes de exercer funções no Governo, Manuel Pinho era funcionário deste grupo.
O ex-ministro está ainda indicado por corrupção por suspeita de ter favorecido a EDP através de um conjunto de decisões em termos de legislação de produção e venda de eletricidade.
Recorde-se que Ricardo Salgado, antigo líder do BES, vai ser constituído arguido no caso EDP, que investiga os benefícios de 1,2 mil milhões de euros concedidos à elétrica portuguesa por parte do antigo ministro da Economia, Manuel Pinho.
Segundo o Observador, em causa está a transferência de mais de um milhão de euros por parte da ES Enterprises (o famoso saco azul do GES) para uma offshore de Manuel Pinho, a Tartaruga Foundation, com sede no Panamá).
O Ministério Público (MP) defende que o objetivo destes pagamentos era “beneficiar esses grupos empresariais [Banco Espírito Santo/Grupo Espírito Santo] e a EDP (do qual o BES era acionista) durante o tempo em que exerceu tais funções públicas” no Governo de José Sócrates.
O semanário SOL noticiou que José Maria Ricciardi, ex-presidente do BESI, diz “ter a certeza” de que havia reuniões frequentes entre Ricardo Salgado e José Sócrates, adiantando mesmo que havia uma “grande intimidade” entre os dois homens, apesar de Salgado se movimentar sempre “com discrição”, e que a proximidade entre ambos “chegou a tal ponto” que terá sido Ricardo Salgado a indicar Manuel Pinho para o Governo de Sócrates.
Ao DN, Ana Gomes assumiu que o seu “tweet” foi "obviamente à luz das revelações" das reportagens da SIC sobre José Sócrates – mas também sobre o que se soube nos últimos dias sobre o ex-ministro da Economia Manuel Pinho.
"Não há dúvida nenhuma de que o PS se tornou instrumento de vários indivíduos corruptos e com uma agenda de enriquecimento pessoal", disse, acrescentando que no caso de Pinho, nunca teve "dúvidas nenhumas".
Para a eurodeputada o PS tem de, no próximo congresso nacional,"fazer uma autocritica, um exame critico, para que isto não volte a acontecer e desta maneira não só regenerar-se como influenciar os outros partidos, a vida política nacional e a regeneração do país".
“O PS tem muito trabalho bom (…) e, portanto, não pode fingir que não tem este problema terrível na sua historia", disse ainda.
Em relação a José Sócrates, Ana Gomes já tinha exigido, em dezembro de 2017, a António Costa que se demarcasse destes comportamentos e que o partido discutisse o que se está a passar.
“O PS [deve] demarcar-se claramente desse tipo de comportamentos. A direção do partido, e o partido, no seu conjunto, deve demarcar-se. Tem de haver um momento (…) para o próprio PS fazer uma introspeção de como é que se deixou tornar instrumento de um indivíduo com um projeto pessoal de poder, mas não só, de enriquecimento pessoal, tão nefasta e tão contrária aquilo que são os ideias e os valores socialistas. Essa é um trabalho de introspeção que o PS tem de fazer.”
O próximo Congresso Nacional do PS, no qual Ana Gomes defende que esta questão seja discutida, realiza-se entre os dias 25 e 27 de maio na Batalha.