Quase um ano depois de João Lourenço ter sido eleito como presidente de Angola, em setembro de 2017, as relações diplomáticas entre Angola e Portugal parecem estar a atravessar um bom momento, depois de um período de tensão – provocado pelo processo judicial em Lisboa contra o ex-vice-presidente da República angolano Manuel Vicente. O ministro dos Negócios Estrangeiros português anunciou ontem que António Costa irá visitar Angola a 17 e 18 de setembro, estando marcada uma reunião com João Lourenço em Luanda.
A data da deslocação do chefe do governo português a Angola ficou fechada na segunda-feira, por ocasião da visita a Lisboa do ministro das Relações Exteriores angolano, Manuel Domingos Augusto.
No mesmo dia, ficou decidido que o presidente de Angola vem a Portugal até ao final ano, respondendo assim ao convite de Marcelo feito na tomada de posse de João Lourenço. A data ainda não é conhecida, mas é certo que só acontecerá depois da deslocação de António Costa a Luanda.
Recorde-se que, após ter estado reunido com o ministro das Relações Exteriores angolano, António Costa considerou que as relações diplomáticas entre Portugal e Angola atravessam agora “um momento auspicioso”. “A minha visita a Angola renovará o dinamismo dos laços que unem Portugal e Angola, os nossos povos e empresas”, escreveu o primeiro-ministro no Twitter.
No início dessa mesma reunião, António Costa recebeu do ministro das Relações Exteriores de Angola uma carta de João Lourenço, que disse traduzir “um sinal das boas relações” entre os dois países.
Também o secretário de Estado da Internacionalização português, Eurico Brilhante Dias, afirmou na terça-feira que as relações de Portugal com Angola vivem “um momento novo” e que a prioridade económica é retomar os números anteriores de exportadores nacionais.
“Relação de amor”
O “Jornal de Angola” escreveu ontem que Angola e Portugal “têm tudo” para “definitivamente” avançar para “uma relação de amor e não mais de ódio”. “Angola e Portugal têm condições para se constituírem num bom exemplo de cooperação, na base do respeito mútuo”, pode ler-se no editorial do jornal angolano.
O mesmo jornal afirma que as autoridades angolanas e portuguesas “compreenderam, no interesse dos seus povos e países, que era tempo de erradicar obstáculos a uma boa convivência”, o que acontece “numa conjuntura mundial que requer muito diálogo, tendo em conta que há muitos problemas que exigem o empenho de países de diferentes continentes”.
“O idiota útil”
Recentemente, no fim do mês de junho, Rui Rio antecipou-se a António Costa e visitou Angola, tendo estado reunido com João Lourenço. Na altura, o líder do PSD afirmou que os dois países têm uma “estrada aberta” pela frente.
O jornalista Daniel Oliveira escreveu no “Expresso” que Rui Rio “quis mostrar que se antecipava ao governo português e acabou por colaborar em mais um momento de deselegância diplomática”, acrescentado que a prioridade dada por João Lourenço ao líder do PSD foi “um recado político”.
Para o jornalista, a ida do social-democrata não teve como função “facilitar qualquer desbloqueio nas relações com o governo angolano”. Em vez disso, Rui Rio foi “um instrumento de mais uma provocação”, tornando-se, assim, o “idiota útil de João Lourenço”.
Recebi o Ministro das Relações Exteriores de Angola num momento auspicioso para o relacionamento entre os nossos países com o retomar das visitas de alto nível. A minha visita a Angola renovará o dinamismo dos laços que unem #Portugal e #Angola, os nossos povos e empresas. pic.twitter.com/IYZWHCqU55
— António Costa (@antoniocostapm) 9 de julho de 2018