«Uma vergonha para o país e para o partido os deputados do PS que tomaram a decisão de votar contra ou se abster, ou preocupados com os eleitoralismos regionais ou então aficionados por serem simplesmente retrógrados, masoquistas e psicopatas que gostam de touradas». Débora Rodrigues, 26 anos, representante da JS na Comissão Nacional do PS e adjunta do secretário de Estado do Tesouro, Álvaro Novo – de quem já foi chefe de gabinete em regime de substituição – não gostou de ver o PS a votar contra a abolição das touradas no Parlamento, no passado dia 6 de julho. E decidiu publicar a sua posição no Facebook, na formulação acima reproduzida.
É raro ver um militante da organização juvenil do partido, com funções no Governo, membro da Comissão Nacional do partido chamar, por exemplo, ao presidente do PS, Carlos César, e à secretária-geral adjunta, Ana Catarina Mendes, por exemplo, «retrógadas, masoquistas e psicopatas que gostam de touradas» ou, em alternativa, preocupados com «eleitoralismos regionais». Sendo raro, aconteceu. Chamada à atenção sobre o nível de insultos com que estava a mimosear os seus camaradas, a assessora do Governo foi inflexível na sua posição, sabe o SOL. O texto que escreveu no Facebook é público – qualquer utilizador da rede social pode lê-lo, independentemente de ser ou não ‘amigo’ da jovem socialista.
À lista de ataques aos deputados do seu partido, a jovem adjunta do Governo acrescentou a alegada «falta de inteligência» dos eleitos do PS. Em resposta a um comentário de um interlocutor que afirmava que os deputados socialistas podiam estar genuinamente a defender as touradas, a dirigente da JS escreveu que, a ser assim, «o nível de inteligência dos deputados eleitos pelo PS é menor» do que ela «pensava».
Na última sexta-feira, o projeto do PAN para a abolição das touradas foi chumbado no Parlamento. Só oito deputados do PS (em 86) votaram a favor da proibição das touradas: Pedro Delgado Alves, Rosa Albernaz, Ana Passos, Luís Graça, Diogo Leão, Hugo Carvalho, Tiago Barbosa Ribeiro e Carla Sousa. Houve 12 deputados socialistas a optar pela abstenção, entre eles o atual líder da JS, Ivan Gonçalves, e o anterior, João Torres.