O deputado do PSD, Carlos Abreu Amorim, fez uma publicação no Facebook sobre os incêndios que estão a assolar a Grécia que está a gerar polémica. Alguns deputados do PS e do Bloco de Esquerda já reagiram e lançaram duras críticas ao social-democrata. Recorde-se que a tragédia já causou mais de 70 vítimas mortais.
O comentário de Carlos Abreu Amorim – que o deputado decidiu apagar momentos mais tarde – lembrava a crise financeira grega e os incêndios vividos em território português no ano passado, tecendo uma comparação entre Portugal e Grécia.
“Em 2011, imitámos a bancarrota grega de 2010. Agora são os gregos que nos seguem na tragédia assassina dos incêndios descontrolados – muitas dezenas de mortos, autoridades a agirem sem tom nem som, populações abandonadas, enfim”, escreveu o social-democrata.
“Portugal não é a Grécia, dizia-se, e foi verdade durante alguns anos. Agora é mais difícil não reconhecer semelhanças indesejáveis”, acrescentou.
Filipe Neto Brandão, vice-presidente da bancada parlamentar do PS, não se mostrou indiferente à publicação de Carlos Abreu Amorim e deixou um comentário também no Facebook. “Ainda as chamas se não extinguiram, deixando atrás de si dezenas de mortos, e já deputados do PSD sentenciam a incompetência das autoridades gregas”, escreveu.
Ainda do lado dos socialistas, a deputada Isabel Moreira referiu que “é impossível descer mais baixo do que isto”. E o deputado André Pinotes Batista classificou o comentário do depu0tado social-democrata como “vergonhoso e indigno”.
João Galamba, do PS, partilhou uma publicação da página de Facebook humorística “Jovem Conservador de Direita”, onde é dito que Carlos Abreu Amorim está “a aproveitar a tragédia que aconteceu na Grécia para atacar o governo grego e a geringonça”. “Na falta de incêndios em Portugal para atacar a incompetência da geringonça, não podíamos desperdiçar esta catástrofe na Grécia”, ironiza a página da rede social.
Também Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, reagiu às palavras de Carlos Abreu Amorim, dizendo tratar-se de "gente que apoiou a chantagem e destruição do Estado grego às mãos das instituições europeias a fazer demagogia barata com a tragédia de um povo".
Carlos Abreu Amorim voltou a usar o Facebook para responder às críticas proferidas por aqueles que chama de “polícias dos costumes politicamente corretos” que "querem ditar o que se pode escrever e lançam anátemas se não forem obedecidos". "Determinam o sentido dos textos de que não gostam independentemente daquilo que lá está", acrescentou.
O deputado do PSD defendeu-se dizendo que "fazer um paralelismo entre a tragédia de hoje na Grécia e aquela que se abateu sobre nós em 2017 é um raciocínio óbvio. Não é aproveitamento. Não é empolamento. É assim".