Um ano depois de milhares de rohingya terem fugido da Birmânia, investigadores das Nações Unidas acusaram o comandante em chefe e cinco generais birmaneses de terem ordenado a morte e violação de milhares de pessoas pertencentes à minoria étnica e o governo de ter “contribuído” para os massacres. Os responsáveis militares, continuam os investigadores no relatório que entregaram ao conselho de segurança da ONU, devem ser julgados por um tribunal internacional por crimes contra a humanidade. E o Estado deve ser alvo de um embargo de armas e personalidades objeto de sanções.
Os investigadores recolheram os testemunhos de 875 rohingya forçados a fugir da Birmânia no verão passado, com os testemunhos a darem conta que os militares terão “morto indiscriminadamente, violações em grupo de mulheres, agressões a crianças e destruição de aldeias inteiras” em Rakhine, Shan e Kachin, no norte da Birmânia.
“Os crimes no estado de Rakhine e a forma como foram perpetrados são semelhantes em natureza, gravidade e extensão aos que permitiram que a intenção genocida fosse estabelecida noutros contextos”, pode ler-se no relatório. “Existe informação suficiente para garantir a continuação da investigação e a acusação de oficiais superiores na cadeia de comando para que um tribunal competente possa determinar as suas responsabilidades por genocídio na situação no estado de Rakhine”, continua o documento.
Uma das principais visadas no relatório é a líder de facto do governo birmanês e prémio Nobel da Paz de 1991, Aung San Suu Kyi. Foi acusada de ter falhado em usar a sua “autoridade moral” para proteger os civis rohingya. Os investigadores responsabilizaram o seu governo por ter “contribuído para que se ordenassem crimes atrozes” ao permitir que o discurso de ódio contra a minoria se propagasse. Por fim, nem o Facebook deixou de ser responsabilizado por ter permitido que várias páginas de organizações e personalidades birmaneses incitassem à violência.