O vereador do PSDà Câmara de Loures vai lançar, na quinta-feira, um movimento de militantes sociais-democratas com o objetivo de instar o atual líder do partido a “mudar de política” ou a apresentar-se a eleições internas até ao final do ano. André Ventura convida mesmo Rui Rio a sair do PSD e a candidatar-se à “liderança do PS, tendo em conta a forma como se tem posicionado”.
Caso Rio não aceite mudanças nem nem queira ir a votos, André Ventura garante que continuará a recolha de assinaturas que anunciou há cerca de duas semanas e que visa a convocação de um congresso extraordinário para destituir a atual liderança. “Porque quem votou nela não estava à espera daquilo a que se tem assistido”, justifica André Ventura.
O movimento, que terá uma direção cuja composição o vereador na Câmara de Loures não quer, para já, desvendar, chama-se “Chega” e nascerá de um site na internet, que estará “aberto à participação de todos os militantes descontentes” com Rui Rio. O site será lançado na quinta-feira e disponibilizará um “documento orientador” a ser assinado por “todas as distritais” do partido. No texto, adianta André Ventura, serão dadas duas opções a Rui Rio: “Ou compreende que é preciso mudar e aceita uma inflexão na forma como tem liderado o partido ou então, se quer manter este estilo de liderança, aceita apresentar-se a eleições internas antes de dezembro e submeter-se à vontade e ao julgamento dos militantes”.
Se o documento for assinado pelas distritais e, mesmo assim, Rui Rio “insistir em manter o mesmo caminho”, André Ventura garante que avançará mesmo para a recolha das 2.500 assinaturas necessárias para o destituir num congresso extraordinário. O vereador social-democrata assegura que já tem cerca de mil.
“É preciso dizer ‘chega’, porque aquilo a que estamos a assistir é à degradação da identidade e do património do PSD”, aponta André Ventura, acrescentando que a ideia de avançar com o movimento surgiu na última sexta-feira, quando se soube que Salvador Malheiro, vice-presidente de Rui Rio, fez uma ronda por todas as distritais do partido apelando a que assinassem um documento no sentido de “manifestar o apoio inequívoco ao líder” do PSD e “repudiando a atuação de alguns militantes” críticos.
São essas mesmas distritais que André Ventura quer agora que assinem o documento do movimento “Chega”, ainda que admita que algumas possam não o fazer com medo de “represálias”. “Compreendo que temam retaliações, por exemplo, nas listas à Assembleia da República, mas quando fazemos política não podemos pensar nisso e se queremos verdadeiramente a mudança teremos de agir”, apela.
Sobre o melhor candidato para avançar contra Rui Rio, o vereador do PSD defende que, por enquanto, o momento é de “tentar inverter a crise instalada no partido, que tem levado à saída diária de militantes”. Ainda assim, André Ventura não esconde que Luís Montenegro poderá ser a escolha mais acertada, “por reunir um largo consenso” dentro do PSD. “Mas mais importante do que isso é, por enquanto, tentar recuperar a linha do PSD”, afirma.
Entretanto, o vereador diz continuar à espera de ser recebido por Rui Rio, depois de lhe ter pedido uma reunião há já quase três semanas. O secretário-geral do PSD anunciou-lhe que o líder do partido o receberia esta semana e que lhe seria comunicada a data exata do encontro na sexta-feira passada. “Mas, lamentavelmente, não voltei a ser contactado”, revela.