A discrepância entre as notas dos alunos atribuídas pelas escolas e os respetivos resultados dos exames nacionais foi, pela primeira vez, alvo de um estudo feito pela Inspeção-Geral de Educação e Ciência (IGEC).
O relatório, a que o jornal Público teve acesso, demonstra que as escolas violam as regras definidas por si para avaliar os alunos, de modo a atribuírem notas mais elevadas e a facilitarem o acesso ao Ensino Superior.
As conclusões da IGEC levam a crer que os estabelecimentos de ensino tendem a atribuir maior peso a critérios como a oralidade e as atividades laboratoriais, cujo desempenho do aluno é mais dificilmente mensurável, ficando ao critério do professor, sendo por isso mais fácil ‘puxar’ as notas para cima.
A Português a oralidade tem um peso de 20% na nota final da disciplina, e são muitos os casos dos alunos com nota máxima na avaliação desse critério, sem que a justificação para essa excelência seja clara. Este é apenas um dos exemplos referidos na notícia do Público, que cita o relatório.
Semelhantes são os casos das disciplinas de Físico-Química ou Biologia e Geologia, nas quais a “dimensão prática e experimental” – responsável por 30% da nota atribuída pela escola – é frequentemente atribuída a nota máxima, mais uma vez sem justificação clara.
O relatório dá ainda como exemplo o domínio social e afetivo como fator determinante para a inflação das notas, sendo que este critério avalia os estudantes num âmbito que não tem ligação à compreensão da matéria dada. O peso deste ponto varia entre os 5% e os 30% da nota final dos alunos. E à semelhança dos exemplos anteriores, é atribuída a nota máxima em muitos casos sem qualquer justificação.
O relatório envolveu 12 escolas, dez das quais tinham revelado um maior desalinhamento entre as notas atribuídas pelos professores e as dos exames nacionais. De acordo com o Público, dois terços destes estabelecimentos são privados e a maioria está localizada na região norte.