Rui Rio pediu aos críticos internos para não fazerem «o jogo do PS» e garantiu aos conselheiros nacionais que, mais cedo ou mais tarde, a sua estratégia vai dar frutos. Na reunião do Conselho Nacional, na terça-feira à noite, em Setúbal, o líder do partido respondeu aos que o acusam de estar excessivamente próximo do governo socialista e de fazer um oposição pouco agressiva.
O social-democrata rejeitou a ideia de que uma oposição eficaz passa por estar a dizer «mal do Governo durante todo o dia». Para o líder do PSD, o principal partido da oposição deve estar concentrado em apontar o dedo àquilo que está «verdadeiramente mal».
O Conselho Nacional foi pacifico, mas o presidente do PSD não esqueceu os críticos internos. «Enquanto dentro do PSD houver quem faça o jogo do PS, o PS não precisa de fazer nada, pode estar quieto», afirmou.
A meio da reunião, Morais Sarmento, vice-presidente do PSD, apelou à união. «O Conselho Nacional tem decorrido com normalidade, com diversidade, mas com a consciência por parte de todos que, a partir deste momento, o interesse do PSD nos obriga a remarmos, colocarmos todas as nossas forças numa única direção», afirmou.
Com a proximidade das eleições legislativas, que já estão marcadas para dia 6 de outubro do próximo ano, vários dirigente do PSD têm alertado para a necessidade de acabar com as guerras internas. Castro Almeida, numa entrevista ao jornal Público, considerou mesmo que, ou há «tréguas», ou os sociais-democratas correm o risco de cair num «suicídio coletivo».
Rui Rio mostrou-se otimista sobre a possibilidade de vencer as eleições legislativas. Na homenagem a Sá Carneiro, o líder do PSD garantiu que «tem fortes hipóteses, neste momento, de iniciar um trajeto e em setembro ou outubro estar em condições de ganhar as eleições e ter um grande resultado nas europeias de maio».
Aos críticos, voltou a pedir para que «cumpram aquilo que lhes compete cumprir».
Os recados não foram só para os críticos internos. Nuno Morais Sarmento, de acordo com os relatos dos sociais-democratas, disparou contra o Presidente da República por aparecer excessivamente colado ao Governo socialista.
O vice-presidente do PSD criticou a elevada exposição mediática de Marcelo Rebelo de Sousa, que acusou de estar demasiado preocupado com «o espetáculo», descurando as questões essenciais que cumprem a um Presidente da República.
Sá Carneiro perdeu e continuou
A verdade é que as sondagens não são animadoras para o PSD e todos sabem que, neste contexto, não vai ser fácil ganhar aos socialistas. Rui Rio sabe disso e vai dando sinais de que não está disposto a deixar a liderança em caso de derrota. Esta semana deu o exemplo de Sá Carneiro. «No tempo de Sá Carneiro os líderes perdiam eleições e não saíam, continuavam. Sá Carneiro perdeu e continuou, Freitas do Amaral perdeu e continuou, Soares ganhou e perdeu, ganhou e perdeu e continuou».
Para Rui Rio, os lideres dos partidos políticos não podem seguir a lógica dos «diretores comerciais» que, quando «não conseguem vender o produto com sucesso no mercado», são trocados por «outro».
O discurso do líder parece apontar para depois das eleições legislativas, mas Morais Sarmento assegurou esta semana que o PSD está focado em ganhar as europeias e legislativas. «É para 2019 que estamos a trabalhar e é em 2019 que queremos ganhar», disse o vice-presidente social-democrata.