Marcelo diz que greve de enfermeiros é “muito longa” e “atinge milhares de portugueses”

O Presidente comentou também a Lei de Bases da Saúde, mas avisou que se não achar que não cumpre os objetivos que considera fundamentais, irá vetá-la

“A prática tem mostrado que em anos eleitorais, nos períodos de aprovação de orçamento, no fim de cada ano e no começo de cada ano haja um aumento da intensidade da luta política e da luta social, sobretudo em certos setores e sobretudo ligados à Função Pública. Mais do que, propriamente, em setores privados e isso faz parte da vivência democrática", disse Marcelo Rebelo de Sousa, esta quinta-feira, aos jornalistas em Alcabideche.

Sobre a greve dos enfermeiros, que dura desde 22 de novembro, Marcelo defende que "é uma greve muito longa, de muitos meses e que atinge muitos milhares de portugueses".

"Aquilo que penso (…) é que uma greve só é eficaz se conseguir ter uma grande adesão na sociedade e essa grande adesão significa ter razões dentro do grupo profissional que a conduz, mas também não ter da parte da sociedade em geral uma atitude negativa e medir em cada momento esse equilíbrio entre os direitos que é preciso defender e os sacrifícios que o exercício da greve impõe a tantos portugueses. Medir isso é fundamental para perceber a partir de que ponto é que a greve deixa de ser uma greve entendida pela sociedade e passa a ser incompreendida", acrescentou o Chefe de Estado.

Sobre a Lei de Bases da Saúde, que foi aprovada esta quinta-feira no Conselho de Ministros, o Presidente disse que a sua “posição é conhecida”. “Penso que uma lei dessas tem de ser transversal, deve ter o máximo acordo possível para não mudar de Governo para Governo. A última vigora há 28 anos”, reforçou.

"Isso significa que não é para ser votado por uma maioria que dura quatro anos e mudada daí a quatro anos e daí a quatro anos", disse ainda o Presidente. Marcelo mostrou-se esperançoso de "que entre o maior número de partidos, a começar nos partidos com maior expressão parlamentar, seja possível um acordo. Uma lei de acordo, flexível, quanto mais capaz de se adaptar à mudança cientifica e tecnológica melhor”.

Para Marcelo, “quanto mais rígida, quando mais fixista, quanto mais a dividir em vez de unir pior, e o Presidente da República na altura devida, perante uma lei que cumpra os objetivos que ele acha fundamentais, promulgará. Se entender que não cumpre, vetará", garantiu.